Greve de técnicos da UEG provoca embate entre servidores e Governo Caiado

O governo de Goiás acionou o Tribunal de Justiça do Estado antes mesmo do início oficial da greve dos servidores técnico-administrativos da Universidade Estadual de Goiás (UEG), marcada para as 14h desta quarta-feira (10). A ação judicial foi movida com o objetivo de impedir o movimento grevista, sob alegação de ilegalidade e com pedido de multa diária de R$ 100 mil ao sindicato da categoria, caso o ato seja mantido.

A iniciativa do governador e pré-candidato à presidência, Ronaldo Caiado, foi recebida com críticas por representantes dos servidores, que veem no gesto uma tentativa de cercear o direito ao protesto e ao contraditório.

Reivindicação por plano de carreira

A paralisação foi aprovada em assembleia realizada no último dia 17 de junho pelo Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Goiás (Sindipúblico), que representa os técnicos da UEG. Entre as principais reivindicações da categoria está a aprovação de um novo Plano de Cargos e Remuneração (PCR), que prevê, entre outros pontos, gratificação por titulação — já que muitos servidores possuem especialização, mestrado ou doutorado, mas não recebem nenhum acréscimo salarial por essa qualificação.

O anteprojeto do PCR chegou a ser aprovado pelo Conselho Superior da UEG, que alegou ter recursos próprios no orçamento anual para cobrir os novos direitos. Um grupo de trabalho foi montado, com representantes da reitoria, dos servidores e do próprio governo estadual. No entanto, as negociações foram interrompidas após a Secretaria de Administração do Estado alegar que a medida impactaria negativamente as contas públicas e violaria o Regime de Recuperação Fiscal ao qual Goiás está submetido.

Governo judicializa greve

Na ação apresentada ao Tribunal de Justiça, a Procuradoria-Geral do Estado argumenta que o Sindipúblico não participou das tratativas sobre o PCR, o que o tornaria parte ilegítima para liderar o movimento grevista. A acusação é contestada por membros da categoria, que denunciam a ausência de convite formal do próprio governo ao sindicato durante o processo negocial.

Ainda segundo o governo, as negociações não teriam sido oficialmente encerradas e a paralisação afetaria diretamente os calouros da UEG, que precisam concluir suas matrículas para o semestre letivo. Por sua vez, os servidores afirmam que cumpriram todos os requisitos legais previstos para a deflagração da greve, conforme estabelece a legislação vigente.

O presidente do Sindipúblico não foi localizado para comentar a ação, mas, segundo um servidor ouvido pela reportagem, o sindicato ainda não foi notificado formalmente. Quando isso ocorrer, a entidade promete apresentar defesa à Justiça e pedir o reconhecimento da legalidade do movimento.

Enquanto o embate se intensifica nos tribunais, os técnicos da UEG afirmam que não recuarão. Eles prometem manter a greve e reforçar a mobilização para pressionar o governo Caiado a atender às reivindicações, em defesa de valorização profissional e respeito à carreira dos trabalhadores da universidade pública estadual.