Goiânia: fantasmas e farra com o dinheiro público
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Posted by Otariano on Segunda, 28 de setembro de 2015
Por volta de 7h10, um Palio cinza para em fila dupla na Alameda dos Buritis, em frente à Assembleia Legislativa de Goiás, Setor Oeste.
A motorista liga o pisca-alerta. Do banco do passageiro, uma mulher desce de crachá na mão, caminha até a entrada, passa pelo hall, chega aos terminais de ponto eletrônico, registra e sai pelo mesmo caminho. A permanência da mulher dentro do órgão dura 49 segundos.
Ela retorna ao carro, que vai para o Setor Bueno. Em frente a uma lanchonete, na Avenida T-14, o veículo para, a mulher desce e o carro, dirigido pela filha dela, vai embora. Ela sai com pacote de pão e segue para um prédio residencial na T-13, no mesmo bairro.
A cena se repete por três dias e é um dos 21 casos flagrados pelo POPULAR na semana passada. Instituído em outubro do ano passado como medida para combater sucessivos casos de fantasmas, o ponto eletrônico na Assembleia não foi capaz de banir a prática.
Em uma cobertura feita em parceria com a TV Anhanguera e a CBN Goiânia, a reportagem registrou episódios de servidores que deixaram o local (de carro ou moto) depois de protocolar a chegada.
Em cinco casos, a reportagem acompanhou os funcionários que se deslocaram. Quatro deles foram abordados. A maioria alegou que resolveria uma questão pessoal e retornaria à Casa.
De acordo com o Portal da Transparência da Assembleia, cerca de 1,5 mil servidores são obrigados a registrar o ponto. Eles representam 46% do total de funcionários da ativa na Casa.
É que aqueles que trabalham diretamente com os deputados e ocupam funções gratificadas de gabinete (chamadas de GR Gabinete) não são obrigados a bater ponto. A responsabilidade pela frequência é de cada um dos 41 deputados.
Assim, o universo de quem bate ponto inclui efetivos e comissionados contratados pela administração (servidores da Secretaria da Assembleia, chamados comissionado secretaria).
Eles são obrigados a registrar a chegada – com dois horários: 7h ou 13h – e a saída. As portas da Assembleia só se abrem às 6h30 e o sistema de ponto é liberado 15 minutos depois. Mas às 6 horas já é possível encontrar servidores na porta, aguardando para liderar as filas de quatro terminais.
A maioria dos flagrantes ocorreu antes das 7 horas. A direção da Casa diz que os casos são isolados .
Fonte: O Popular