Ela sorri e você paga

Chega a ser imoral  o espaço dado, por colegas jornalistas, a Andressa Mendonça, “mulher” do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
De uma hora para outra, os jornalistas elegeram-na musa da CPI e desde então tem dado um espaço significativo à moça.
Ela tem uma boa história nos bastidores do “mundo” político.

Até bem pouco tempo atrás era casada com o empresário Wilder de Moraes, ex-secretário estadual de Infraestrutura de Goiás e primeiro suplente do senador goiano Demóstenes Torres (sem partido). Depois se separou do marido e passou a viver maritalmente com o padrinho político e sócio dele, Carlos Cachoeira.

Wilder já tomou posse este mês como senador.

Andressa, que ficou conhecida como “musa da CPI” devido à sua beleza exuberante,  parece estar feliz com o título de celebridade. 
Está sempre sorridente, elegante e o tempo todo consulta, em seu tablet, durante as audiências criminais de seu marido, a qualidade de suas fotos nos sites jornalísticos.
Mas os jornalistas têm esquecido de informar que por trás da musa, está uma pessoa que aprecia jóias, carrões, poder e dinheiro… 

Grana que, em grande parte, deriva de recursos públicos desviados nas centenas de esquemas montados por Cachoeira, em prefeituras, secretarias estaduais e ministérios, com suas firmas de fachadas e ou como intermediário de grandes empreiteiras, como a Delta.

Em suma, o meio milhão de reais usado na decoração na casa de Andressa em Goiânia, as jóias, bolsas e os esbanjamentos, todos saem do seu bolso, do meu bolso, do bolso da sua filha ou do seu filho; saem dos 38% de ICMS que você paga na conta mensal do telefone;  do IPVA ou IPTU que você desembolsa anualmente.  

Grana que sai dos contratos superfaturados, que daria para melhorar significativamente muitos serviços, como o da saúde, educação, conservação de vias, geração de emprego e renda, programa de prevenção de drogas…

Revista Época teve acesso a áudios e revela as “preocupações” de Andressa Mendonça
…Não demorou para Cachoeira perceber que morar na antiga casa do governador de Goiás lhe traria problemas. Num diálogo com sua mulher, Andressa Mendonça, em 17 de maio (leia na página ao lado), Cachoeira compartilhou seu temor por telefone: “Esse trem não vai dar certo (da casa).
Vão acabar sabendo que é minha”. Cachoeira começou, então, a procurar um modo de se desfazer do imóvel, apesar dos protestos de Andressa, que já decorara a casa e adorava o lugar.
As conversas interceptadas pela PF mostram em detalhes como Cachoeira repassou a casa para um terceiro, o empresário Walter Santiago, sem aparecer. Para isso, recorreu à ajuda de Garcez, que coordenou a transação.
Garcez assegurou ao empresário que a casa era de Perillo. No dia 12 de julho, Walter Santiago, rodando num carro blindado, encontrou-se com Garcez e lhe entregou R$ 2,1 milhões em dinheiro vivo.
Cachoeira orientou Garcez pelo telefone: “Manda trazer o dinheiro aqui no Excalibur (prédio onde mora Cachoeira), entendeu? Manda o professor (Walter Santiago) trazer no Excalibur, porque ele tá com carro blindado”.
Cachoeira confirma isso num diálogo com Andressa, ainda no dia 12. Andressa pergunta por quanto ele vendeu a casa. “Dois e cem”, diz Cachoeira. “Esse trem é do Marconi e não ia dar certo, não. Tem de passar logo esse trem para o nome dele (possivelmente o empresário Walter).
Porque eu vou perder um trem de bilhões por causa de um negócio à toa.” Andressa não quer saber de negócios ou dinheiro. 
Quer saber da prataria da casa e das coisas bonitas e caras que comprou para decorá-la. “Você explicou para ele (empresário Walter) que roupa de cama, coisa pessoal, acessório de banheiro, nada disso vai, né?”, diz Andressa. 
Cachoeira se irrita: “Deixa a roupa de cama do jeito que tá lá. Não faça isso, não. Pega as pratarias que o Wladmir escondeu lá dentro”. “Eu não vou deixar roupa de cama de 400 fios para ele, não. Cê tá louco?”, diz Andressa.
Cachoeira, então, confessa o preço real da casa e revela a existência da “diferença”. “Deixa do jeito que tá. Aquilo lá custou quanto? Afinal, eu comprei ela (a casa) por mil (R$ 1 milhão), vendi por mil e quinhentos (R$ 1,5 milhão). Tá bom, me ajudou a vender.” 
A conta é a seguinte, segundo a PF: o empresário Walter Santiago pagou R$ 2,1 milhões pela casa. Destes, R$ 100 mil foram para Fiúza, o assessor de Perillo, R$ 500 mil para Perillo, levados por Fiúza – e o restante, R$ 1,5 milhão, para Cachoeira.

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