Doença que mata sem dó: em Goiás, três irmãos morrem de COVID, em um período de 30 dias


Em um mês, três irmãos da família morreram vítimas da Covid-19, em Goiânia. 
A pensionista Carmem Gomes Pereira, de 62 anos, a servidora pública Estela Pereira, de 47, e o empresário Helênio Pereira, de 66, não resistiram à doença. 
Ao todo, cerca de 30 pessoas da família foram contaminadas pelo novo coronavírus, mas nem todos precisaram ser hospitalizados.

“Depois da minha mãe, as pessoas foram piorando, e os mais jovens ou crianças ou foram assintomáticos ou tiveram sintomas bem leves, mas outros foram hospitalizadas, e dentre essas pessoas, a tia mais nova e o meu tio, que faleceram com um intervalo de 15 em 15 dias”, relatou a consultora de viagens Helena Francisca, filha de Carmen.

Nas redes sociais, ela fez um desabafo sobre a Covid-19: “É uma roleta russa. Você vai arriscar?”, questionou.

Na publicação, a filha de Carmen descreveu como a doença devastou a família.

“Ela chegou sorrateiramente, sem que ninguém percebesse e se instalou, e foi levando minha mãe e meus tios no intervalo de 15 em 15 dias. Sabe quem é ela? Sabe quem está dizimando a minha família? É ela, mesma, a Covid-19. 


O coronavírus é real e pode ser mortal. Infectou mais de 30 pessoas do meu círculo familiar e de amizades, inclusive a mim. Uns foram assintomáticos, outros evoluíram para o óbito”, contou.

Evolução da doença

A primeira dos irmãos a falecer foi Carmem, no dia 19 de junho, em Goiânia. Exatamente 15 dias depois, a irmã mais nova – Estela – faleceu no dia 5 de julho, no Hospital Garavelo, em Aparecida de Goiânia. 


Já Helênio ficou doente na capital goiana, mas faleceu no Hospital de Campanha de Marabá, no Pará, no último domingo (19).

De acordo com Helena, a mãe tinha câncer de mama com metástase óssea e, por isso, fazia tratamento no Hospital Araújo Jorge. 


No dia 5 de junho, Carmem fraturou o fêmur e precisou ser internada para fazer uma cirurgia. No entanto, o procedimento só ocorreu cinco dias depois.

“Ela estava bem, tirando o câncer e o fêmur. Ninguém apresentava sintoma nenhum. Só que a cirurgia do fêmur só foi acontecer no dia 10. Então, entre esses dias que ela ficou no hospital esperando a cirurgia, o estado de saúde dela foi piorando”, contou.

A filha acredita que a mãe possa ter se contaminado com coronavírus no hospital, já que, segundo ela, a enfermaria estava sempre cheia, com três pacientes em leitos e três acompanhantes, que se revezavam a cada 12 horas.

“Além disso, as pessoas vão recebendo alta e vão mudando as pessoas. Então, a possibilidade de contaminar lá é muito alta”, afirmou.

A reportagem tentou contato, por telefone e e-mail, na noite de quarta-feira (22), com a assessoria do Hospital Araújo Jorge para solicitar um posicionamento sobre as questões relatadas por Helena, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Velório e contaminação

Ainda de acordo com Helena, sete dias após fazer a cirurgia, a mãe foi liberada para voltar para casa, no dia 17 de junho, mesmo apresentando sintomas respiratórios. Ela faleceu dois dias depois a caminho do hospital.

“O que chamava a atenção é que o local [do corpo] onde fez a cirurgia estava tudo bem, mas os problemas respiratórios começaram a aparecer, e a gente falava para os médicos e eles falavam que não era nada, que era porque ela estava deitada há muitos dias e que tinha líquido no pulmão. 


Eles deram alta, mesmo ela estando no oxigênio, e não fizeram nenhum exame da Covid-19”, relatou.

“A oxigenação dela abaixou bastante, e a gente tentou retornar com ela para a emergência do Araújo Jorge e ela faleceu no caminho. 


Chegando ao local, mesmo com ela já falecida, eles não quiseram, novamente, fazer o exame, e colocaram no atestado de óbito o câncer dela, que não foi o que levou ela à morte, e colocaram insuficiência respiratória”, disse.

Após a morte de Carmem, como não havia uma suspeita oficial de coronavírus e no atestado de óbito não constava Covid-19, foi realizado um velório aberto, ocasião na qual Helena acredita que parte dos parentes tenha sido contaminada pela doença. 


A consultora crê que os demais familiares infectados tenham se contaminado durante o revezamento de acompanhantes de Carmen no hospital.

“Por não ter colocado a Covid-19 no atestado, o velório foi aberto. No hospital, acredito que foram sete pessoas que revezaram, inclusive eu. 


Então, acreditamos que os acompanhantes foram contaminados no hospital e outras pessoas no velório, porque alguns dias após a morte da minha mãe as pessoas começaram a passar mal”, relatou.

Com texto e fonte: G1

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