Doação de área no Parque Municipal Lava Pés gera polêmica e mobilização em Cavalcante (GO)

Uma doação feita pela Prefeitura de Cavalcante, localizada na Chapada dos Veadeiros (GO), está gerando forte repercussão e mobilização popular.

O motivo é a cessão de mais de 131 mil metros quadrados do Parque Municipal Lava Pés, área onde se encontra a famosa Cachoeira Lava Pés, a um morador local identificado como Evangelino Moreira dos Santos.

O terreno é considerado uma das principais atrações turísticas gratuitas do município, além de ser fonte de água limpa e parte essencial do patrimônio ecológico e cultural de Cavalcante.

Em resposta à doação, moradores e ambientalistas organizaram um abaixo-assinado online pedindo a anulação imediata da medida. O documento ultrapassou 250 assinaturas em poucos dias.

“Área pública não é mercadoria”, afirmam moradores.

Segundo os manifestantes, a doação foi feita sem contrapartidas para a comunidade, o que levanta o temor de que a área passe a ser explorada comercialmente, com cobrança de entrada ou até controle por grandes empreendimentos turísticos. Isso, afirmam, poderia excluir a população local e causar impactos negativos ao meio ambiente.

“A ameaça de privatização devasta a natureza e exclui a comunidade”, diz um trecho do abaixo-assinado.

O grupo também solicita a reintegração da área ao poder público, a investigação da conduta do prefeito Vilmar Kalunga (PSB) e a criação de um plano de proteção permanente, com ampla participação da sociedade civil organizada.

Prefeitura nega privatização e defende regularização
Em nota oficial, a Prefeitura de Cavalcante negou que tenha havido qualquer privatização da Cachoeira Lava Pés. Segundo a gestão municipal, a área permanece como patrimônio público e o acesso ao atrativo segue gratuito e garantido.

A prefeitura justificou a doação como parte de um processo para delimitar legalmente os limites entre áreas públicas e privadas, com o objetivo de evitar ocupações irregulares. Ainda de acordo com o Executivo, o morador beneficiado ocupa a área desde a década de 1980, e há documentos que reconhecem essa posse.

“A doação é parte do processo de regularização fundiária e visa à criação oficial do Parque Municipal Lava Pés”, informou a prefeitura.

Apesar das justificativas, o clima de insatisfação persiste, e os moradores prometem manter a mobilização para garantir que a natureza seja preservada e o acesso público à cachoeira continue assegurado.