Conflito Israel – Palestina: um mar de complexidade

Por Ariel Souza,

A região que hoje se encontra o atual estado de Israel é a  antiga região da Palestina. Essa  é talvez a região com o maior foco de tensão no planeta. Tudo porque existem dois grupos étnicos que historicamente reivindicam a posse da região: os Árabes e os Judeus.

Nos últimos dias assistimos na mídia a escalada brutal desse conflito e o início de mais uma guerra entre palestinos e israelenses.

Digo mais uma porque  não é a primeira. Desde a criação do estado de Israel, esses dois grupos étnicos estão em constante conflito. Os motivos são complexos e a sua compreensão necessita de uma releitura histórica.

Após a segunda guerra mundial, em 1947, foi pautado na ONU a partilha da região da Palestina. Esta partilha tinha como objetivo a pacificação da região e para isso estava previsto a criação de dois países: um Árabe e um Judeu.

Diante do holocausto e da perseguição nazista, os judeus conseguiram na ONU a criação de um país para que eles pudessem chamar de lar. Este país é Israel, um país Judeu, criado em 14 de  Maio  de 1948.  Entretanto, a ONU jamais criou um estado Árabe Palestino. Esta decisão unilateral e sem consenso com os Árabes palestinos criou muitos conflitos e intensificou o ódio entre os dois lados, o que culminou em décadas de derramamento de sangue.

Após a sua criação, Israel se desenvolveu a ponto de ser hoje um país de relevância econômica internacional e contar com um poderio bélico ameaçador. Por outro lado, a situação dos árabes palestinos tornou-se complexa e desafiadora.

O estabelecimento de Israel resultou em conflitos armados e no êxodo de centenas de milhares de árabes palestinos de suas terras, criando uma população de refugiados dispersos por vários países vizinhos. Durante anos, os árabes palestinos têm vivido sob ocupação militar israelense em várias áreas, como a Cisjordânia e Gaza, enfrentando restrições de movimento, construção de assentamentos e violência.

Ao longo das décadas seguintes, esses refugiados e seus descendentes enfrentaram dificuldades econômicas, políticas e sociais, vivendo em campos de refugiados em condições precárias.  Além disso, com o seu desenvolvimento, seu protagonismo na economia mundial, e sobretudo amparado pela cultura religiosa ocidental, os israelenses começaram adotar práticas antisemitistas de perseguição ao povo árabe palestino. 

As áreas sob controle palestino, como a Faixa de Gaza e partes da Cisjordânia, sofrem com restrições de movimento, bloqueios econômicos e conflitos constantes, o que agrava ainda mais a crise humanitária. A falta de oportunidades econômicas e a instabilidade política contribuem para altos níveis de desemprego e pobreza entre os palestinos.

Diante dessa situação de vulnerabilidade, o Hamas e uma expressiva parcela dos árabes palestinos estão convictos de que a solução dos seus problemas é a destruição do Estado de Israel e a retomada das terras da Palestina.  Esse entendimento comum dos árabes palestinos culminou nos recentes ataques a Israel, além de ser o motivo das guerras anteriores entre esses dois povos.

Para se ter uma ideia da complexidade deste conflito, alguns historiadores afirmam ser impossível a existência de uma paz definitiva na região.

Por outro lado, há os que acreditam que Judeus e Palestinos mais cedo ou mais tarde cheguem a um consenso. É importante lembrar que a Europa ocidental, antes de chegar nessa situação de paz que conhecemos hoje, passou por mais de 800 anos de guerras e disputas territoriais sangrentas.

É consenso porém que infelizmente vamos ter criação de dois Países. Um já existe, o outro haverá de existir, pois o estado Árabe Palestino já é real, embora ainda não oficialmente. Digo infelizmente porque nenhum dos lados ficará satisfeito com a paz que será alcançada.

Não será uma cena de irmãos se abraçando. Não haverá uma reconciliação, mas um acordo parecido mais com um divórcio do que com uma lua-de-mel.

Por último, e não menos importante,   vale lembrar que a perseguição enfrentada pelos árabes palestinos é uma questão profundamente enraizada que requer diálogo, cooperação e compreensão mútua para se chegar a uma resolução justa e sustentável.