Bolsonaristas ameaçam jornalistas: “Tá trabalhando por que? Lixo!”

Um grupo de bolsonaristas atacaram jornalistas que estavam em frente ao Ministério da Defesa, onde o presidente Jair Bolsonaro almoçava com o ministro General Fernando Azevedo e Silva. 


Um dos homens ficou a centímetros do rosto dos jornalistas e, sem máscara, gritou e hostilizou os repórteres. 


“Vai tomar no seu cú, cuzão. Vai se foder, filho duma puta. A gente tá aqui pela sua família, cuzão, a gente tá aqui pela sua família. 


A gente tá aqui pela sua família, cuzão. A gente tá aqui pela sua família, seu bosta. Você tá fazendo o que aqui? Tá trabalhando por que? Lixo!”, disse um militante do bolsonarismo a um dos repórteres.

Nesse momento, os manifestantes avançaram em direção aos jornalistas que ali estavam, e gritaram chamando de “comunistas”, “vocês querem o dinheiro do governo”, “divulga a verdade”, foram algumas das palavras de ordens dos militantes.


Os ataques dos apoiadores estão ficando cada vez mais violentos e seguem a mesma linha ditada pelo presidente da República.


De manhã, uma cena semelhante já havia acontecido em frente ao Palácio do Alvorada. Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro passaram a hostilizar os jornalistas após o chefe do Executivo falar: 


“O dia que vocês tiverem compromisso com a verdade eu falo com vocês de novo, está ok?”.

Segundo informações do site Poder 360, seguranças do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que é comandado pelo General Augusto Heleno, autoridade que, assim como Bolsonaro, com frequência ataca a imprensa nas redes sociais, demoraram cinco minutos para dispersar o grupo.

Os jornalistas que lá estavam foram embora juntos, sob xingamentos. Porém, pela manhã, os manifestantes foram contidos por uma grade, que impediu que chegassem tão perto dos repórteres.


Rotina

Nas últimas semanas, os ataques à imprensa têm sido frequentes. Jornalistas estão sendo hostilizados e, em alguns casos, sofrendo agressões físicas por parte de bolsonaristas.

No dia 2 de maio, em Curitiba, o repórter cinematográfico da RICTV, filiada da Record no Paraná, Robson Silva, foi alvo de agressão física durante cobertura do depoimento do ex-juiz Sergio Moro na Polícia Federal, e quase teve o equipamento danificado.

No último dia 3, o repórter fotográfico Dida Sampaio e o motorista Marcos Pereira, do jornal O Estado de S. Paulo, foram agredidos fisicamente numa manifestação em apoio ao presidente. 


O repórter Nivaldo Carboni, do site Poder 360, levou um chute. O fotógrafo Orlando Britto também foi empurrado. Outros profissionais foram hostilizados por bolsonaristas.

No último dia 5 o presidente Jair Bolsonaro mandou jornalistas que o entrevistavam calarem a boca.

No dia 14, muros em Belo Horizonte amanheceram pichados com apologia ao assassinato de jornalistas e atentados contra a imprensa. 


“Jornalista bom é jornalista morto”, era uma das mensagens nos tapumes na Avenida Alfredo Balena. “Colabore com a limpeza do Brasil, mate um jornalista, um artista, comunista por dia”, dizia outra.

No dia 17, uma apoiadora do presidente bateu com o mastro de uma bandeira na cabeça de uma repórter da Band.

No dia 20,o cinegrafista Robson Panzera, da TV Integração, afiliada da Rede Globo em Barbacena (MG), foi agredido por um militante que gritava palavras de ordem contra a emissora. O profissional teve sua mão quebrada ao ser atingido pelo tripé da câmera.

Entidades como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) acusaram o presidente de incitar esse tipo de comportamento contra a imprensa. 


 “É o próprio presidente e seus ministros que incentivam as agressões contra a imprensa e seus profissionais”, disse a ABI por meio de nota.

Segundo o presidente da Casa do Jornalista de BH, de 2018 pra cá, aumentaram os ataques aos profissionais de imprensa, em especial, os virtuais. “Sempre acontece algum tipo de ataques na internet, crimes virtuais e cibernéticos a gente recebe denúncias há algum tempo”, afirmou.

Kerinson conta que durante a ditadura militar esse tipo de ataque contra a instituição eram frequentes. Na época, duas bombas chegaram a ser jogadas contra a sede da instituição.

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) afirma que em 2019 a mídia profissional sofreu 11 mil ataques por dia via redes sociais. A média é de sete agressões por minuto. Os dados estão no relatório anual sobre Violações à Liberdade de Expressão.

De acordo com monitoramento realizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj),”somente no ano de 2020 Bolsonaro proferiu 179 ataques à imprensa, sendo 28 ocorrências de agressões diretas a jornalistas, duas ocorrências direcionadas à Fenaj e 149 tentativas de descredibilização da imprensa”.

O órgão aponta que somente no mês de abril de 2020, foram 38 ocorrências, sendo seis ataques a jornalistas e 32 casos de descredibilização da imprensa.


Com informações do Congresso em Foco 

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