Ayrton Senna: 30 anos sem o maior ídolo desportivo da história brasileira

Por Jefferson Victor,

Difícil esquecer o fatídico 1º de maio de 1994, o mais triste dia para o Brasil e para o mundo esportivo. Era Dia do Trabalhador, feriado nacional, e Ayrton Senna se preparava para mais um show de pilotagem na Itália, no circuito de San Marino.

O clima já era de tristeza porque, na sexta-feira, Rubens Barrichello decolou, bateu forte, teve ferimentos graves e precisou ficar internado. No sábado, o austríaco Roland Ratzenberger bateu forte e não sobreviveu.

Diante daquela tragédia, Senna levou os diretores da prova até a curva do Tamburello e mostrou que ali não havia área de escape, colocando em risco a vida dos pilotos. No entanto, os dirigentes da F1 decidiram pela realização da prova.

Senna até ameaçou não correr, mas, por força de contrato, teve que desistir da ideia.

O francês Jean-Marie Balestre, chefão da FIA (1986 a 1993), protegia Alain Prost. Em 1989, no GP do Japão, Balestre tirou a vitória de Senna, desclassificando o brasileiro para que seu compatriota, Prost, fosse declarado campeão daquela temporada.

Senna passou por várias categorias até chegar na elite do automobilismo. Começou na Toleman-Hart em 1984 no GP do Brasil.

Em 1985, correu pela Lotus-Renault, onde obteve sua primeira vitória em Estoril, Portugal, sob forte chuva. Naquele dia, o Brasil chorava a morte do presidente eleito, o ex-senador por Minas Gerais, Tancredo Neves, acometido por uma infecção generalizada.

Senna permaneceu nessa equipe por três anos, vencendo seis corridas.

Em 1988, Senna foi contratado pela escuderia McLaren, a melhor equipe na ocasião. Foi campeão naquele ano, bicampeão em 1990 e conquistou o tricampeonato em 1991.

Em 1992, a poderosa Williams, com Nigel Mansell, foi a campeã, pois desfrutava da suspensão ativa, um mecanismo computadorizado que tornou o carro mais competitivo e superior a todas as equipes. Em 1993, Alain Prost se tornou campeão pela imbatível Williams, ano em que se despediu do automobilismo. Senna foi vice-campeão ainda pela McLaren.

Naquele mesmo ano, Senna anunciou que mudaria de escuderia, correndo a temporada de 1994 pela Williams. Então, o parcial Balestre, em seu último ano à frente da entidade, cometeu mais uma injustiça contra Senna, determinando a proibição da suspensão ativa para a temporada de 1994, sob o pretexto de que as pequenas equipes com orçamentos inferiores estavam se distanciando, e que dessa forma haveria uma melhor equiparação entre a concorrência.

Senna, pela Williams, fez três poles. Nas duas primeiras, teve problemas e não concluiu, e na terceira corrida, era perseguido pela Ferrari de Michael Schumacher quando, naquela mesma curva que ele temia, aconteceu o acidente fatal.

Senna conquistou ao longo de sua carreira 3 títulos, 65 poles, 41 vitórias, 80 pódios, 19 voltas mais rápidas, 162 grandes prêmios, somando 614 pontos.

Ele tinha vários apelidos: “Beco, Chefe, Rei de Mônaco, Magic Senna e Rei da Chuva”. Ayrton Senna era paulista, tinha 34 anos, e de 1981 a 1983 foi casado com Lilian de Vasconcelos Souza, época em que ainda não era tão famoso.

Sua morte, funeral e velório causaram a maior comoção do Brasil em todos os tempos e grande repercussão mundial. O caixão foi carregado por pilotos que compareceram em massa para a dolorosa despedida.

Senna foi sepultado no Cemitério do Morumbi. Seu caixão desfilou pelas ruas de São Paulo em um caminhão do Corpo de Bombeiros, e durante todo o percurso milhares de pessoas se aglomeravam para a despedida do maior ídolo da história do Brasil.

A perícia feita posteriormente na Williams de Senna concluiu que uma solda mal feita na barra de direção causou a batida, e a ponta dessa peça perfurou o capacete, causando sua morte.

Pesquisas com jornalistas especializados, pilotos e torcedores consideram Senna o melhor piloto de F1 de todos os tempos. Depois de 30 anos, esse título permanece.

Quando Senna corria, eram 16 grandes prêmios por ano. Hoje, são 22. Mesmo assim, após mais de 600 corridas, cinco recordes ainda permanecem:

– 8 poles positions numa mesma temporada, em 1989.
– Maior vencedor em Mônaco – 6 vezes.
– 5 vitórias consecutivas em Mônaco, esse feito igualado por Hamilton na Espanha.
– Largada na primeira ou segunda fila em 24 corridas consecutivas.
– 7 poles consecutivas em Mônaco.

No acidente que vitimou Ayrton Senna, foram apontados culpados, mas ninguém foi punido pelo grotesco erro que colocou fim à carreira do mais fantástico piloto que já guiou um carro de Fórmula um.