Ao menos 150 ônibus devem sair de Goiás para posse

Na companhia de amigos e desconhecidos em ônibus de caravanas, no carro com a família e até sozinho de moto, os goianos se organizam para estar em Brasília neste domingo (1º) e acompanhar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que será presidente da República pela terceira vez.

Em meio a casos de vandalismo e tentativa de ataque terrorista no Distrito Federal, apoiadores de Lula falam sobre confiança no sistema de segurança e o ânimo para participar do evento que supera a preocupação.

A psicóloga Cida Alves, 55 anos, faz parte da coordenação do bloco Não é Não, que atua desde 2017 na defesa de direitos da mulher e ativismo LGBT. O grupo vai levar dois ônibus de Goiânia para a Esplanada dos Ministérios, além de membros que acompanharão a caravana em carros.

O movimento se prepara para festejar como no carnaval, com fantasias e comissão de frente que irá homenagear o Nordeste.

Cada um dos 100 membros vai receber um kit com guloseimas e um apito. Em contato com policiais que atuam no sistema de segurança da posse, Cida afirma que a expectativa é de que o evento ocorra com tranquilidade.

Segundo a coordenadora, houve casos de pessoas que desistiram de ir à posse após pedido da família por causa de preocupação com tumultos, mas são situações isoladas.

A enfermeira Lívia Assis, 49 anos, faz parte do bloco, mas irá de carro com o marido neste sábado (31). Esta é a segunda vez que ela assiste a uma posse de Lula, a primeira foi em 2003.

Para Lívia, desta vez, o evento tem significado especial, por ocorrer após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, e depois de quatro anos do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Policial civil e professor, Marcos Valverde, 43 anos, pretende sair de moto de Goiânia na madrugada de domingo. Esta é a primeira vez que ele acompanhará a posse de um presidente. “Este momento tem um simbolismo pelo qual vale a pena estar com essas pessoas que amam a democracia e defendem a liberdade que a sociedade merece”, afirma.

Para acompanhar o evento, Marcos vai levar a bandeira do Brasil e vestir a camisa da seleção de futebol. “Vou levar a bandeira brasileira, que foi sequestrada por um grupo, mas que, na verdade, é de todos nós”, declara.

A professora Diane Valdez, 57 anos, acompanhará neste domingo a terceira posse de um presidente. Ela assistiu às duas vezes que Dilma subiu a rampa do Palácio do Planalto.

Moradora de Goiânia há 30 anos, irá a Brasília de van acompanhada por amigos de Mato Grosso do Sul. “Vamos com todas as cautelas possíveis. Vivemos quatro anos intimidados. Não vai ser neste momento que vamos nos deixar ser ameaçados por essas pessoas”, diz Diane.

Organização

Presidente do PT em Goiás, Kátia Maria afirma que o partido, movimentos sociais e outros grupos goianos devem levar juntos cerca de 150 ônibus para Brasília. Além disso, a presidente destaca que as rodovias terão pontos de apoio para os veículos.

O policial rodoviário federal Fabrício Rosa está atuando na frente de segurança da posse e afirma que estes pontos estarão ao lado dos postos da PRF.

Em Brasília, as caravanas são orientadas, diz Fabrício, a procurar locais como o estádio Mané Garrincha, o Parque da Cidade e a Granja do Torto para encontrar estrutura de apoio com cobertura, água e banheiro.

Há orientação para que os grupos levem barracas. Fabrício foi candidato a deputado estadual pelo PT e foi nomeado para a equipe de transição de Lula.

De acordo com ele, existe articulação entre diferentes instituições para garantir segurança do evento. Ainda segundo Fabrício, bolsonaristas que chegarem a Brasília serão levados para um espaço fora da região da Esplanada dos Ministérios.

Até a tarde desta sexta-feira (30), a PRF havia identificado no Brasil apenas três ônibus de militantes bolsonaristas a caminho de Brasília.

Clima

Para a coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), Ieda Leal, o posicionamento de forças de segurança em relação a grupos que têm se manifestado contra o resultado da eleição deu tranquilidade para as pessoas que desejam ir à posse. “Estão mais confiantes, mas muito cuidadosas”, afirma.

Assim como Fabrício, Ieda também foi nomeada na equipe de transição de Lula. Além disso, ela está na coordenação da equipe da Central Única dos Trabalhadores (CUT) que organiza a saída de ônibus de diferentes partes de Goiás para Brasília.

“Uma das coisas que falamos muito em todos os grupos é não aceitar provocações. É participar da posse, da festa de quem nós elegemos. É desse sentimento que estamos sendo tomados. Não é do medo, mas da coragem de participar de mais uma posse do presidente”, afirmou.

Na cidade de Goiás, dois ônibus de responsabilidade do diretório municipal do PT levarão apoiadores de Lula ao evento. Presidente do partido na cidade, Zé do Carmo conta que o grupo sairá às 4h da manhã.

“Nosso desejo é que a democracia prevaleça e que todas as pessoas que estão se locomovendo possam fazer isso de modo seguro, tranquilo e sem receio, apesar de toda o abalo psicológico, dessa tentativa de violenta de quem não sabe perder.

É a turma que ganhou a eleição de 2018, teve a vitória deles e não foi combatida dessa forma. E o mesmo procedimento que garantiu a vitória deles, também foi usado em 2022. Dessa vez, eles perderam e precisam entender”, diz .

Fonte: O Popular

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