Julgamento de ex-vice prefeito de Monte Alegre (GO) ocorre hoje. Ele é acusado de ser o mandante da morte de Zé da Covanca
Está ocorrendo desde o início da manhã desta quinta-feira (7), em Goiânia, o julgamento do ex- vice prefeito de Monte Alegre de Goiás Antônio Pereira Damasceno, o Toinho.
Ele é acusado de ser o mandante da morte do ex-prefeito da cidade, assassinado em pleno exercício do mandato, Zé da Convanca.
No dia do julgamento, em fevereiro passado, em que três dos réus foram condenados, Toinho (Damasceno) não foi a júri.
O defensor do ex-vice-prefeito da cidade apresentou atestado médico sob alegação de que ele estava com Covid-19. Em virtude disso, o processo foi desmembrado. Quanto aos três outros envolvidos, um deles morreu há cerca de 16 anos e os outros dois nunca foram encontrados.
O julgamento ocorre 22 anos depois do crime, na 4ª Vara de Crimes Dolosos contra a Vida e Tribunal do Júri de Goiânia.
Essa mesma Vara Criminal que condenou os três outros acusado pelo homicídio de José da Silva Almeida, o Zé da Covanca, ocorrido em 25 de agosto de 1999.
Inclusive, um dos condenados participou do sequestro do ex-vereador de Goiânia Wellington Camargo, irmão dos cantores sertanejos Zezé di Camargo e Luciano, em 1998.
O crime teve motivação política.
De acordo com a denúncia, um dos acusados, José Roberto Pinheiro Macedo, o Zé de Filó, era servidor público na administração de Zé da Covanca.
Ele havia sido demitido do cargo e associou-se a Antônio Pereira Damasceno, então vice-prefeito de Monte Alegre de Goiás e denunciado como mandante do crime.
Ele estaria rompido politicamente com a vítima e, com a morte do prefeito, tinha a perspectiva de assumir a chefia do Poder Executivo.
Segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO), ele foi o responsável por agenciar a contratação e o transporte de pistoleiros para a cidade.
O terceiro envolvido é Floriano Barbo Rodrigues Neto, que também havia sido demitido do cargo que ocupava meses antes do crime. Ele era policial civil na cidade e auxiliou no homicídio de Zé da Covanca, emprestando o veículo dele para que José Roberto levasse mantimentos aos pistoleiros.
Mesmo sabendo que o crime ocorreria, Floriano permaneceu em silêncio, descumprindo, de acordo com a denúncia, o dever como agente de segurança pública.
O quarto elemento é Luiz Carlos Medeiros, o Galego, que, na época, era conhecido assaltante e sequestrador. Ele é o que colaborou com sequestro de Wellington Camargo. Medeiros foi um dos três pistoleiros contratados para matar o prefeito.
Conforme a denúncia, foi prometido a ele pagamento para executar o crime, bem como informações sobre transporte de dinheiro para as prefeituras da região.
Ao todo, o Ministério Público de Goiás denunciou sete pessoas pelo homicídio.
Além de Luiz Carlos Medeiros, José Roberto Macedo Pinheiro e Floriano Barbo Rodrigues Neto, todos condenados.
Condenações
Embora o crime tenha ocorrido em Monte Alegre de Goiás, houve mudança do foro do julgamento em 2016, por suspeita de quebra de imparcialidade do corpo de jurados.
A sessão do Tribunal do Júri em Goiânia havia sido marcada para outubro do ano passado, mas acabou sendo adiada e aconteceu apenas em fevereiro de 2022.
José Roberto Macedo Pinheiro foi condenado a sete anos de reclusão em regime semiaberto e Floriano Barbo Rodrigues Neto a 14 anos de prisão em regime fechado.
Luiz Carlos Medeiros, criminoso envolvido também no sequestro de Wellington Camargo, foi condenado a 15 anos de reclusão em regime fechado por – homicídio cometido mediante paga ou promessa de recompensa, praticado à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima, combinado com concurso de pessoas.
Luiz Carlos chegou a ser preso no dia 02 de setembro de 1999 pelo sequestro do irmão de Zezé di Camargo e Luciano, mas ele fugiu.
Segundo a polícia ele furtou o carro usado no sequestro, ajudou na retirada de Wellington, que é paraplégico, da casa dele e permaneceu no cativeiro durante todo o tempo.
Ele, inclusive, foi quem fugiu com US$ 38,6 mil dos US$ 300 mil pagos pela família Camargo em troca da libertação de Wellington, que teve parte da orelha esquerda cortada.
O restante do dinheiro foi recuperado. O sequestro de Wellington Camargo aconteceu na véspera do Natal de 1998 e durou 94 dias.
Paulo Brondi
Durante o júri sobre a morte do prefeito, o promotor de Justiça Paulo Brondi sustentou a acusação segundo os termos da pronúncia e requereu a condenação por homicídio qualificado.
A defesa dos réus sustentou a negativa de participação e a retirada das qualificadoras.
Os jurados, no entanto, reconheceram a materialidade e a autoria do crime, bem como a participação atribuída a todos os acusados. Admitiram as qualificadoras em relação a Floriano Barbo Rodrigues Neto e Luiz Carlos Medeiros, e as rejeitaram em relação a José Roberto Macedo Pinheiro.
Com informações do MP e do Jornal Opção