Infelizmente, aprendeu na dor: vereador que era contra isolamento muda de ideia após perder pai para covid
Pouco mais de um mês após defender a abertura do comércio no início da pandemia do novo coronavírus no Pará, o vereador de Belém Sargento Silvano (PSD) teve dez pessoas da família infectadas com a covid-19.
A defesa pelo fim do isolamento social ocorreu em 27 de março, em uma rede social. O vereador escreveu que, em um mês, “todos” iriam ver que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “tinha razão” sobre a abertura imediata do comércio como medida para “preservar os empregos”.
Depois da defesa ao presidente, neste período, dez pessoas da família do vereador adoeceram, incluindo ele, a esposa e os filhos. O pai ficou 32 dias com a covid-19, sendo 22 internado e 14 sob respiração mecânica.
Ao ter a família atingida pelo novo coronavírus, o vereador mudou a postura. Em 20 de abril, ele publicou nas redes sociais:
Em entrevista, o Sargento Silvano confirmou que agora defende o isolamento social. Para ele, não adianta preservar os empregos se a pessoa “não vai levar nada” ao morrer com a doença.
“Agora defendo o lockdown. Meu pai, por exemplo, construiu um patrimônio, mas quando foi enterrado não levou nem a roupa do corpo. Foi enterrado no lençol do hospital e em um saco.
O vereador diz acreditar na ciência. Ele, inclusive, não recomenda a azitromicina e hidroxicloroquina – remédios defendidos por Bolsonaro – por não haver estudos que indiquem a eficácia das medicações.
“Se fossem os remédios ideais para combater isso, não teríamos milhares de mortos. A pessoa tomaria e ficava bom.
Covid-19 faz vereador romper com Bolsonaro
O vereador Silvano foi um dos mais notáveis apoiadores de Jair Bolsonaro no Pará durante a campanha eleitoral de 2018.
Silvano afirmou que “era Bolsonaro por parte de pai e mãe”, mas que agora “é totalmente contra”. O rompimento foi motivado pela postura do presidente sobre a pandemia.
“Sou totalmente contra o Bolsonaro hoje, por uma postura louca dele, sem limites. Consegui graças a Deus abrir os meus olhos.
“Fiquei muito triste com a postura dele, totalmente contrária da realidade, que é o pobre morrendo e o governo federal não investindo o recurso necessário”, complementou.
O rompimento gerou críticas de simpatizantes nas redes sociais do vereador, atuante em várias plataformas.
“É fácil criticar quando o problema não chega na sua casa. Minha posição hoje é humanitária e não política. Luto hoje a favor da vida.