Doença que mata sem dó: em Goiás, três irmãos morrem de COVID, em um período de 30 dias
“Depois da minha mãe, as pessoas foram piorando, e os mais jovens ou crianças ou foram assintomáticos ou tiveram sintomas bem leves, mas outros foram hospitalizadas, e dentre essas pessoas, a tia mais nova e o meu tio, que faleceram com um intervalo de 15 em 15 dias”, relatou a consultora de viagens Helena Francisca, filha de Carmen.
Nas redes sociais, ela fez um desabafo sobre a Covid-19: “É uma roleta russa. Você vai arriscar?”, questionou.
Na publicação, a filha de Carmen descreveu como a doença devastou a família.
“Ela chegou sorrateiramente, sem que ninguém percebesse e se instalou, e foi levando minha mãe e meus tios no intervalo de 15 em 15 dias. Sabe quem é ela? Sabe quem está dizimando a minha família? É ela, mesma, a Covid-19.
Evolução da doença
A primeira dos irmãos a falecer foi Carmem, no dia 19 de junho, em Goiânia. Exatamente 15 dias depois, a irmã mais nova – Estela – faleceu no dia 5 de julho, no Hospital Garavelo, em Aparecida de Goiânia.
De acordo com Helena, a mãe tinha câncer de mama com metástase óssea e, por isso, fazia tratamento no Hospital Araújo Jorge.
“Ela estava bem, tirando o câncer e o fêmur. Ninguém apresentava sintoma nenhum. Só que a cirurgia do fêmur só foi acontecer no dia 10. Então, entre esses dias que ela ficou no hospital esperando a cirurgia, o estado de saúde dela foi piorando”, contou.
A filha acredita que a mãe possa ter se contaminado com coronavírus no hospital, já que, segundo ela, a enfermaria estava sempre cheia, com três pacientes em leitos e três acompanhantes, que se revezavam a cada 12 horas.
“Além disso, as pessoas vão recebendo alta e vão mudando as pessoas. Então, a possibilidade de contaminar lá é muito alta”, afirmou.
A reportagem tentou contato, por telefone e e-mail, na noite de quarta-feira (22), com a assessoria do Hospital Araújo Jorge para solicitar um posicionamento sobre as questões relatadas por Helena, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Velório e contaminação
Ainda de acordo com Helena, sete dias após fazer a cirurgia, a mãe foi liberada para voltar para casa, no dia 17 de junho, mesmo apresentando sintomas respiratórios. Ela faleceu dois dias depois a caminho do hospital.
“O que chamava a atenção é que o local [do corpo] onde fez a cirurgia estava tudo bem, mas os problemas respiratórios começaram a aparecer, e a gente falava para os médicos e eles falavam que não era nada, que era porque ela estava deitada há muitos dias e que tinha líquido no pulmão.
“A oxigenação dela abaixou bastante, e a gente tentou retornar com ela para a emergência do Araújo Jorge e ela faleceu no caminho.
Após a morte de Carmem, como não havia uma suspeita oficial de coronavírus e no atestado de óbito não constava Covid-19, foi realizado um velório aberto, ocasião na qual Helena acredita que parte dos parentes tenha sido contaminada pela doença.
“Por não ter colocado a Covid-19 no atestado, o velório foi aberto. No hospital, acredito que foram sete pessoas que revezaram, inclusive eu.
Com texto e fonte: G1