Tocantins contribui com pesquisa genética da espécie gato-do-mato-pequeno encontrado no Estado

Nesta terça-feira, 25, o Governo do Tocantins, por meio do Centro de Fauna do Instituto Natureza do Tocantins (Cefau/Naturatins), encaminhou uma amostra de sangue da espécie gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) ao Departamento de Biologia da Universidade Estadual do Maranhão (Uema).

O material colhido no Cefau, com apoio da equipe técnica do Centro Universitário Católica do Tocantins (Unicatólica), durante exames clínicos de monitoramento da saúde do animal silvestre, vai contribuir com estudos genéticos da espécie.

Angélica Beatriz Corrêa Gonçalves, coordenadora do Centro de Interpretação Ambiental (Ciamb) fala sobre o espécime no Centro de Fauna. “O felino é uma fêmea, ainda filhote e nesta semana, a equipe técnica do Cefau iniciou o manejo para reabilitação desse animal silvestre, aplicando o procedimento de enriquecimento ambiental. Trata-se de criar um ambiente, com elementos similares ao natural, o que promove o aprendizado necessário à vida na natureza quando for solto”, explica.

“Esse pequeno felino pertence a uma espécie ameaçada de extinção. Ele chegou no Cefau com massa corporal de 261g e já alcançou 721g, o que vem demonstrando um desenvolvimento adequado e indícios positivos de que poderá retornar à natureza, quando atingir a idade adequada. A massa corporal conhecida para um indivíduo adulto varia de 1,75 a 3,5kg, tendo em média 2,4kg”, reitera Angélica Gonçalves.

Responsável pelo Plano de Ação Nacional para conservação dos pequenos felinos, estudos genéticos da espécie e professor da Uema, Tadeu Gomes de Oliveira avalia a iniciativa do Naturatins.

“O envio do material é extremamente importante, uma vez que existem pouquíssimas informações desta região do Cerrado. O estudo vai contribuir com a elucidação de questões, ainda não respondidas, sobre a abrangência da espécie no Brasil, na região andina das américas e, consequentemente, vai subsidiar medidas assertivas para programas de conservação e proteção da espécie”, aprecia doutor Tadeu Oliveira.

A coordenadora do Ciamb afirma que, dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apontam o (Leopardus tigrinus) entre as espécies ameaçadas, em função da perda dos ambientes naturais onde vive, nos biomas Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado, nos quais o desmatamento se agrava ano a ano.

Ela conta que o gato-do-mato-pequeno é a menor das espécies de felino do Brasil, possui porte e proporções corporais semelhantes à de um gato doméstico; e que atualmente, considera-se que o complexo de Unidades de Conservação (UC) formado pelo Parque Nacional Nascentes do Rio Parnaíba, Parque Estadual do Jalapão e Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, seja o único com tamanho suficiente, para manter populações viáveis da espécie.

Entrega voluntária

De acordo com os registros do Cefau, esse gato-do-mato-pequeno foi acolhido pelo Cefau, no último dia (19) de abril deste ano, após o recebimento de uma entrega voluntária ao Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA). O animal foi encontrado sozinho, em uma lavoura de arroz e o proprietário da fazenda que o recolheu, posteriormente acionou os órgãos responsáveis, para realizar a entrega voluntária.

O Naturatins esclarece que qualquer pessoa que mantenha um animal silvestre em casa, nativo ou exótico, sem comprovação de origem legal, deve realizar a entrega voluntária na sede do Naturatins ou solicitar o resgate ao Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA). Com a entrega voluntária, a pessoa se isenta de ação penal. A tentativa de entrega voluntária não deve ser realizada diretamente no Cefau.

Manter posse desses animais, sem autorização dos órgãos ambientais, expõe o responsável às penalidades da Lei nº 9.605/1998, que trata dos crimes ambientais, em que são previstos um período entre seis meses a um ano de prisão; e multa, de acordo com a quantidade de animais, que pode ser aumentada em caso de espécies ameaçadas de extinção ou retiradas de Unidades de Conservação.

O Instituto alerta ainda, que manipular esses animais pode incidir em risco para a saúde humana, uma vez que essas espécies vivem na natureza e por instinto podem ter reações imprevisíveis. Evitar a manipulação desses bichos ajuda a prevenir doenças, além de garantir à fauna o direito a uma vida livre.

O Centro de Fauna (Cefau) tem o objetivo de garantir a proteção da fauna silvestre por meio da operacionalização de ações de assistência aos animais que se encontram em perigo iminente, e de ações socioambientais e educativas, que vislumbram a prevenção da saúde da população e o combate ao tráfico de animais.

A Unidade conta com dois setores, o Centro de Triagem e Reabilitação (Cetras) e o Centro de Interpretação Ambiental (Ciamb). O contato do setor de Fauna do Naturatins fica disponível no telefone (63) 3218-2660 ou via e-mail fauna@naturatins.to.gov.br e para solicitar resgate de animais silvestres, o BPMA atende pelo número 190.

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