Protetores do cerrado, Kalungas sofrem com grilagem, seca e projetos duvidosos

A Agência Pública fez uma reportargem bem aprofundanda sobre como os Kalungas têm sofrido com a grilagem, a seca e projetos duvidosos.

A cultura tradicional e o cerrado preservado do território — com chapadas, vales, cachoeiras, nascentes e rios que anualmente atraem turistas ao sítio — deram ao quilombo o título de Território e Área Conservada por Comunidades Indígenas e Locais (Ticca), registrado em fevereiro pelo Programa Ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU).

Foi a primeira comunidade no país a se autodeclarar Ticca, e a iniciativa criou um protocolo brasileiro para que outros povos passem pelo processo e ganhem o reconhecimento internacional desde que cumpram três critérios: pertencimento, governança e práticas de conservação.

O registro é voluntário, ou seja, vai da vontade da comunidade em receber o selo.

Damião, que era gerente de projetos da Associação Quilombo Kalunga (AQK), foi um dos primeiros da comunidade a ouvir falar no selo internacional – em 2018, uma representante do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF Cerrado) sugeriu que o território se enquadraria como Ticca. 

O nome esquisito indicava um conceito aparentemente novo, mas que, na verdade, descrevia uma prática de preservação do território mantida pelos quilombolas há pelo menos 300 anos.

A obtenção da certificação foi discutida em mais de uma dezena de reuniões e aprovada em assembleia com participação das 39 comunidades que integram o território de 262 mil hectares, nos municípios de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás.

Damião atribui a conservação do cerrado a uma “fraqueza” de seus antepassados em transformar a natureza. “Por mais que a gente quisesse fazer um grande desmatamento, a gente não conseguia, porque tudo o que a gente fazia precisava ser no braço, pelo próprio suor.

Então, você fazia uma roça de um hectare, no máximo, para sustentar sua família. E quando você deixava aquela área para fazer uma nova roça, em cinco anos, já estava mato alto de novo porque você não usou um maquinário para tirar as raízes.”

A “fraqueza” do passado se tornou ponto forte hoje, quando o discurso ambientalista se incorporou às práticas agrícolas da associação.

O regimento interno da AQK, aprovado em 2019, que dispõe sobre as regras para a gestão do território e a manutenção dos costumes quilombolas, prevê a proibição do uso de máquinas para abertura de roças com área superior a 2,5 hectares por família. Além disso, determina que é obrigatória a rotação de cultura em roçados abertos mecanicamente.

Em compensação, o turismo se tornou uma fonte promissora de renda, principalmente para as vilas mais próximas de Cavalcante.

Para os que estão em áreas mais distantes do quilombo, porém, as dificuldades são maiores e ganharam força com um novo inimigo: a seca rigorosa e duradoura que ameaça a sobrevivência dos agricultores familiares.

Leia a íntegra da Reportagem no Site Agência Pública

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