Projeto da UFG quer estimular o protagonismo feminino em comunidades quilombolas no nordeste de Goiás

O projeto “Cerrado e Cultura – a economia social e criativa na reprodução socioeconômica de mulheres quilombolas e camponesas”, desenvolvido pela Universidade Federal de Goiás (UFG), quer o protagonismo das mulheres.

A ação conta com recursos do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos e com a participação de pesquisadores e parceiros da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Prefeituras Municipais de Monte Alegre de Goiás e Iaciara, Associação Quilombola Kalunga (AQK), Associação de Mulheres Quilombolas do Kalunga de Monte Alegre de Goiás, Associação Quilombola Extrema (AQUE), Associação Comunidade Remanescente de Quilombo Levantado, Subsecretaria Regional de Educação de Campos Belos e Escolas Municipais e Estaduais do Kalunga, entre outros.

As primeiras atividades do projeto foram realizadas no período de 10 a 12 de dezembro de 2021, nas comunidades de Saco Grande, Tinguizal e Riachão (Kalunga – Monte Alegre de Goiás); e de 13 a 15 de dezembro de 2021, nas comunidades de Extrema e Levantado (Iaciara).

Na oportunidade, foram realizados cursos voltados para a economia solidária e criativa; prosa com os homens e mulheres sobre a valorização do papel da mulher nas comunidades quilombolas; práticas agroecológicas que incluíram a compostagem e formulação de biofertilizantes e, oficinas de maquiagem (Comunidade do Tinguizal); design de sobrancelhas (comunidades do Riachão e Saco Grande); e crochê (Comunidades de Extrema e Levantado), além de atividades com as crianças das comunidades, por meio de atividades lúdicas como o manuseio de instrumentos musicais, a capoeira, a contação de histórias e filmes.

Para estas atividades, contou-se com a presença dos pesquisadores e profissionais Arilene Martins, Danillo Serafim, Valdelucia Marques, Wilma Souza, Tales Damascena, Renato Nazário, Rogério Coelho, Madalena Rocha, Adriano Rodrigues, Jorgeanny Moreira, Dinalva Donizete e Lara Ferreira.

A ideia central é incentivar o protagonismo feminino em comunidades tradicionais, notadamente em comunidades quilombolas, localizadas nos municípios de Monte Alegre de Goiás (Quilombolas Kalunga) e Iaciara.

De acordo com Lara Cristine Gomes Ferreira, Geógrafa da Laboter/UFG e vice-coordenadora do Projeto, a luta histórica na inserção das mulheres no mercado de trabalho, a busca por autonomia e a efetivação de direitos se constituem como focos principais. “Infelizmente o Brasil traz tristes estatísticas de feminicídio, sendo o quinto país com maior feminicídio no mundo”.

Ainda segundo a pesquisadora, outra triste realidade relacionada às mulheres do Brasil, refere-se ao analfabetismo e a desigualdade salarial. Segundo dados do Dieese (2020), ainda hoje a maior taxa de analfabetismo está para as mulheres, bem como os menores salários. As pessoas do gênero feminino recebem 22% menos que os homens, realizando as mesmas funções.

“Dentre as prioridades do projeto, destaca-se o protagonismo feminino, por meio do apoio à inclusão e desenvolvimento local baseado na identidade cultural e nos recursos naturais presentes no território, visando a sustentabilidade ambiental, social, cultural, econômica e política das comunidades.

As trocas de saberes entre as mulheres quilombolas e a Universidade estão sendo fortalecidas por meio de cursos e oficinas, somadas ao conhecimento da realidade local das comunidades quilombolas, territórios de intensa luta e politização. A melhoria da vida das mulheres nesses espaços, assim como a reflexão e construção de uma autonomia feminina relacionada ao trabalho coletivo e à busca por outras formas de geração de renda, impacta diretamente no orçamento familiar”, afirma.

Lara Cristine Gomes Ferreira realça a premissa fundamental de se abranger os homens e as crianças, para a efetiva construção coletiva da vida, para o desenvolvimento social e econômico das comunidades e o constante processo de valorização e autonomia das mulheres.

“Vale destacar o protagonismo dos agentes locais de coordenação das atividades em cada município. Em Monte Alegre de Goiás, o educador quilombola, Rogério Coelho, tem atuado na mobilização e organização dos cursos e oficinas. Em Iaciara, a educadora quilombola Madalena Rocha, desenvolve o mesmo papel junto às comunidades de Extrema e Levantado”.

Em 2022 serão realizados outros cursos e oficinas voltados para o artesanato, corte e costura, culinária, agroecologia e hortas agroecológicas. Também está previsto o Festival de Saberes e Sabores para exposição e comercialização dos produtos desenvolvidos pelas oficinas.

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