Listas de mais ‘cornos’ e ‘chatos’ vira caso de polícia 

A delegacia de Candelária (RS) foi acionada após uma série de listas transmitidas pelas redes sociais e por aplicativos de mensagens elencar os moradores da cidade como “mais chatos”, “cornos”, “velhacos”, entre outros adjetivos pejorativos.

A primeira delas, a dos “chatos”, começou a rodar em grupos em apps há duas semanas, ainda com um tom mais de brincadeira. Rapidamente, porém, listagens relacionando moradores com adultério, uso de drogas ilícitas, entre outras questões, também começaram a surgir.

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul foi acionada após um homem receber uma ligação da filha, que chorava pelo pai ter aparecido em uma lista com teor homofóbico e transfóbico.

“Os amiguinhos estavam fazendo bullying com ela”, diz a delegada Alessandra Xavier ao UOL.

De início, o pai tinha levado o fato de o nome dele ter aparecido na lista como uma brincadeira, mas a zombaria sofrida pela filha acabou fazendo com que ele fosse até a delegacia da região para registrar um boletim de ocorrência.

“A polícia só pode começar a agir após a manifestação de interesse da vítima para que seja apurado o crime”, afirma Alessandra, que tem recomendado a pessoas que tenham sido relacionadas a alguma lista e se sentido ofendidas que procurem a Polícia Civil.

Segundo Alessandra, a criação e divulgação desse tipo de lista deixa de ser uma brincadeira e passa a ser algo que entra na esfera criminal a partir do momento em que a pessoa listada sente que teve a “reputação perante a sociedade” atingida e aciona as autoridades.

“É por isso que a gente fala: tem que procurar [a polícia] e vir fazer a manifestação de interesse de que haja um processo. E quem comete esse crime é tanto quem cria esse tipo de lista como quem a propagada”, reitera.

O nome de algumas pessoas estão sendo relacionados com apelidos e estabelecimentos nos quais trabalham, segundo a delegada, facilitando a identificação, o que agrava ainda mais a situação, tendo em vista o tamanho do município.

Situada no centro do RS, Candelária não tem mais do que 32 mil habitantes. E, segundo a delegada Alessandra, já chegaram à polícia relatos dando conta de que listas difamatórias também começaram a circular em cidades vizinhas nos últimos dias.

No momento, a Polícia Civil está buscando identificar quem são os autores das listas. Uma pessoa suspeita de impulsioná-las será ouvida pelas autoridades nos próximos dias.

No Código Penal, está previsto o crime de difamação, que consiste na imputação de “fato ofensivo” à reputação de alguma pessoa. A pena, se aplicada, pode ir de três meses a um ano, com multa.

Com texto do UOL

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