Barreirão, em Campos Belos (GO), recebe a festa “Os Caretas”, tradicionalíssima manifestação cultural afro-brasileira

Ocorre no dia 16 de abril, sábado de Aleluia, no Barreirão, distrito de Campos Belos (GO), nordeste do estado, uma das mais antigas tradições do folclore goiano e brasileiro:  A festa dos Caretas.

A manifestação cultural já existe no município há mais de 100 anos, segundo os organizadores, e, devido à pandemia da COVID-19, desde 2020 não tem sido realizada pela comunidade.

Mas agora em abril volta a ser celebrada.

A festa “Os caretas”, que mistura a religiosidade cristã com o profano, tem como ápice a queima do “Judas” e a “Leitura do Testamento”, com todos os participantes paramentados, com máscaras e vestes rudes, muitas delas feitas de palhas de palmeiras.  

Quem está por trás da organização do evento neste ano é o ativista cultural “Zezinho do Barreirão”, apoiado por diversas outras pessoas da localidade.

Além do tradicional embate dos caretas, o evento será encerrado com “som alto motivo”, a apresentação do DJ Robson Júnior e show do Forró Rasgado.   

Além da comunidade de Campos Belos e das cidades vizinhas de Goiás e Tocantins, muitos outros visitantes são esperados de cidades como Jaraguá, Goianésia, Goiânia, Brasília e Palmas.

Programação

Abaixo, a programação de “Os Caretas” do Barreirão

12:00 – Concentração no Skinão

14:00 – Carreata em Campos Belos

15:30 – Início da brincadeira

19:00 – Queima do judas e leitura do testamento

19:30 – Som automotivo com DJ Robson júnior

22:00 – Show com forro rasgado

02:00 – DJ Robson Júnior

Qual a história dessa manifestação cultural ?

Em várias partes do país, há festas dos caretas. Mas ela varia de forma, de estado para estado ou de região por região.

Historicamente está ligada às raízes culturais dos negros escravizados, trazidos da África, misturado ao sincretismo religioso de Portugal e do cristianismo.

No estado da Bahia, por exemplo, que tem grande contingente de afro-brasileiros, a festa é muito tradicional e carregada de simbolismo.

Os Caretas de Acupe, por exemplo, leva a beleza cultural e a história viva para as ruas do Recôncavo Baiano. A manifestação passada pelos mais velhos conta que os portugueses trouxeram para a região, máscaras para os seus convidados utilizarem em festas carnavalescas. 

Os negros escravizados então tiveram a ideia de construir as suas próprias para a celebração. Os senhores de engenho gostaram tanto que permitiram que os negros participassem nos anos seguintes.

Com o passar do tempo, o movimento cresceu e contou com a participação de escravos fugitivos de outros engenhos. Dessa forma, se deu vida ao movimento cultural dos “Caretas de Acupe”.

Hoje, eles se apresentam nas ruas de Acupe de Santo Amaro, sempre no mês de julho, e reproduzem um episódio em que os moradores do município se acumularam mascarados para perseguir os soldados inimigos, no período da Independência da Bahia.

As “fantasias” são feitas em papel machê, – coloridas e exuberante, têm a função de assustar os espectadores.

A máscara é sempre um disfarce. Simula e transforma, liga o natural ao sobrenatural.

Tem presença marcante nos rituais e cerimônias coletivas que provocam nos participantes uma espécie de iluminação, uma consciência que os transporta para algo além, possibilitando enfrentar melhor as dificuldades do cotidiano.

No ímpeto de assustar, os Caretas mudam a voz e fazem movimentos de ataque. Mas é só para assustar. Seu Ulisses, um dos careteiros mais antigos da Praia do Forte, conta que quando criança levava várias carreiras dos Caretas quando seus pais pediam para ir até a venda comprar algum mantimento.

“As crianças se pelavam de medo e saíam correndo, largando tudo pelo caminho. Não podia deixar nada pra fora de casa que os Caretas levavam!”.

A manifestação passada de pai para filho se mantém até hoje, mesmo com algumas perdas pelo caminho e algumas distorções, como a utilização de máscaras de borracha (Careta de verdade faz sua própria máscara) e o pedido de dinheiro aos turistas.

Apoiadores locais e membros da comunidade se dispõem, como seu Ulisses, a manter a tradição viva, principalmente entre as crianças.

O careteiro participa de oficinas e ensina a fazer o molde, a forma, a expressão, a cara do Careta, conta e reconta as histórias de seus tempos de menino.

Com informações do Ibahia

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