Artigo: expulsão de Maria do BBB22 expõe a importância do gerenciamento das emoções

Como psicanalista, estou sempre reforçando entre meus pacientes, a importância do gerenciamento de nossas emoções. Frequentemente, destaco os benefícios no melhor entendimento e compreensão do que estamos sentindo, do controle destas emoções e da importância de não agir apenas por impulso.

E na última semana, uma situação de expulsão ocorrida dentro do reality show Big Brother Brasil 22, chamou a atenção exatamente pelo aspecto da agressão física praticada por uma participante da casa, resultando na sua desclassificação.

Neste caso em questão, aconteceu uma explosão de raiva decorrente da dinâmica que estava sendo jogada pelos participantes.

O que não justifica nunca, um ato de agressão. A atriz e cantora Maria apresentou um típico comportamento relativo a uma explosão de raiva. Visto que, após ser abordada, explicou que sentiu muito ódio da adversária e não raciocinou sobre o ato. Usou o impulso raivoso e cometeu a agressão que a colocou para fora da casa do BBB.

No âmbito psicológico e psicanalítico, destaco o grande perigo da falta de manejo adequada do sentimento da raiva. Lembrando que, todos nós temos e sentimos todo tipo de emoções. Tanto as positivas, quanto as negativas, como: raiva, ódio, inveja, ciúmes, tristeza, entre outras.

Ou seja, todas as emoções são inerentes ao ser humano. A questão é como lidar com os sentimentos negativos e se estamos alimentando mais positividade ou negatividade. Esse manejo serve para auxiliar nosso comportamento e orientar nossas relações interpessoais, seja no mundo corporativo, social, familiar ou íntimo.

Porém, também não devemos nos esquecer que, em um programa deste tipo, onde as pessoas são colocadas à prova a cada segundo, vigiadas por inúmeras câmeras e provocadas a se colocarem em situação de vulnerabilidade, certamente, o controle emocional passa a ser o maior desafio do participante, independente do gênero, pois os seus sentimentos podem se classificar como sendo seus maiores aliados ou seus mais terríveis inimigos durante o jogo.

Ficou nítido, por pelo menos duas situações vividas dentro do programa, que a participante Maria em situações conflitantes, acaba agindo pelo impulso e com isso, perde a razão, levantando até o famoso eco do cancelamento.

Afinal, a cultura do cancelamento é provocada pelo excesso de exposição aliado à uma latente necessidade de pertencimento, movimentando uma explosão de temas sensíveis, no que diz respeito ao cunho social, que aquecem o caldeirão e promovem o temido linchamento virtual.

Neste caso específico da atriz Maria, agora ex-BBB22, suas questões relacionadas à impulsividade, falta de autocontrole que estimula as explosões de agressividade, sugerem algum distúrbio emocional, seja uma depressão ou uma crise de ansiedade.

No entanto, não se pode fechar um diagnóstico específico em relação a seus transtornos, pois é importante que a mesma busque uma na terapia ou tratamento psicoterápico, que estimulem caminhos e ferramentas para domar seus ímpetos, além de trabalhar sentimentos e emoções latentes.

Visto que, através do autoconhecimento é possível conhecer melhor seus gatilhos e se blindar de atitudes negativas que a afastam de um saudável convívio social. E isso não vale só para a atriz Maria, isso serve para todos os indivíduos que precisam se encontrar e controlar suas emoções.

Enfim, são muitos os ganhos para quem compreende o que está sentindo e não faz uso da impulsividade. O maior desafio do ser humano está no fato de que é, extremamente, necessário saber domar seus monstros inconscientes.

Com a ajuda de um profissional de saúde mental, a prática de atividades físicas regulares, alimentação saudável, o autocontrole e a cautela nas conexões sociais em que o indivíduo busca pertencer, sem dúvida alguma, o ser humano estará experimentando as dádivas de um perfeito gerenciamento emocional que o levará ao equilíbrio e a e uma maior assertividade em sua comunicação.

Sobre a autora do artigo

Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista

Psicanalista (SPM); Doutora em Psicanálise, membro da Academia Fluminense de Letras – cadeira de número 15 de Ciências Sociais; administradora hospitalar e gestão em saúde (AIEC/Estácio); pós-graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social (Facei); professora na graduação em Psicanálise; embaixadora e diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói; membro do Conselho de Comissão de Ética e Acompanhamento Profissional do Instituto Miesperanza.

Professora associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo; professora associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites; graduada em Letras – Português e Inglês pela PUC de Belo Horizonte.

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