MP denuncia diretor de órgão de proteção à criança de Formosa (GO) e mais 3 por organização criminosa
A promotora de Justiça Fernanda Balbinot ofereceu denúncia contra quatro agentes da Divisão de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Formosa, presos preventivamente em operação da Polícia Civil de Goiás.
Na prática, eles cobravam propina mensal de alguns donos de boates em torno de R$ 1,2 mil e valores para a prestação de serviço de “segurança”, bem como valores específicos para determinados eventos.
Desta forma, eles foram denunciados por organização criminosa e corrupção passiva por 29 vezes.
A organização criminosa
Consta da denúncia que a organização criminosa, no âmbito da DPCA, atua, pelo menos, desde 2016, com recebimento de valores de donos de boates ou estabelecimento similares, bem como de organizadores de eventos de Formosa, para que ficassem garantidos o acesso e a permanência de crianças e adolescentes desacompanhados, bem como o consumo, por eles, de bebidas alcoólicas, drogas e outros produtos passíveis de dependência física ou psíquica.
Normalmente, para consumar seus crimes, um dos denunciados entrava em contato com os proprietários ou organizadores, marcando com eles reuniões, onde ele comparecia acompanhado dos demais integrantes do grupo, todos ostensivamente armados.
Depois disso, pediam valores para que o órgão não realizasse a devida fiscalização, nem exigisse o alvará, requisitando também a contratação do serviço de segurança por eles prestado, com valores expressivamente mais altos que os de mercado.
Recebido o dinheiro, providenciavam para que as equipes da DPCA não se dirigissem às boates ou aos eventos ou, então, davam ordem para que elas fizessem vista grossa nos locais em que a segurança fosse do grupo. Eles também, pessoalmente ou mediante a contratação de terceiros, faziam a segurança do evento, permitindo a entrada de crianças e adolescentes e o consumo de bebidas e drogas.
Em caso de recusa do pagamento solicitado pela organização, os estabelecimentos e eventos eram rigorosamente fiscalizados pela DPCA, culminando na aplicação de multas e em sérios ônus administrativos aos empresários.
Na denúncia, a promotora relata detalhadamente diversos casos apurados pela Polícia Civil, como os de algumas festas realizadas em 2017 e 2018, em que os organizadores e proprietários se submeteram ao esquema imposto pelo grupo.
Fonte e texto: MPGO