Aos 64 anos, Campos Belos floresce como a joia do corredor da miséria
O município de Campos Belos (GO) completa, neste dia 1º de outubro, 64 anos de emancipação política, quando deixou de ser distrito de Monte Alegre de Goiás.
Hoje é feriado e a comunidade está em festa, comemorando e prestigiando seus antepassados.
Ao longo de mais de seis décadas, o antigo povoado de uma das regiões mais pobres do país, comparada ao norte de Minas Gerais e ao Nordeste do Brasil, a comunidade prescindiu de governos e andou com suas próprias pernas, para chegar ao século XXI, ao menos, com um IDH melhorzinho, muito diferente dos demais municípios co-irmãos do Nordeste de Goiás.
Até o asfalto, que é um caminho de desenvolvimento, só chegou por lá nos idos dos anos 80.
Rádios, jornais, imprensa, universidades, escolas técnicas, empresas e comércios eram coisas do grande centro ou das cidades do sul rico de Goiás.
E digo mais, com o pouco ou nenhum esforço governamental. Até o IML foi forjado nos braços de seu povo.
Na segunda metade do século XIX, formou-se, na região de Arraias e Monte Alegre de Goiás, um pequeno povoado decorrente do garimpo de ouro e com o fim da exploração aurífera, anos depois, algumas famílias dedicaram-se a agricultura.
Com o surgimento de fazendas, a principal era a “Fazenda Almas”, de Ciríaco Antônio Cardoso e Guilhermino de Araújo Guimarães.
Em 1883, Ciríaco e Guilhermino doaram uma gleba de terra para a formação de um patrimônio, além de construírem uma capela.
Nesta época, as pessoas que habitavam a região eram basicamente as tradicionais famílias descendentes de portugueses e donas de grandes extensões de terra.
A região era deveras pobre e afastada dos grandes centros do país.
Ainda em 1883, a terra doada da “Fazenda Almas” foi elevada a condição de povoado “Campos Belos”, ligada ao município de Arraias e em 1891, elevado a distrito.
Em 1906, o distrito passou a ser administrado pelo município de Chapéu (antiga denominação da cidade de Monte Alegre do Goiás), mas durante a primeira metade do século XX, o distrito foi anexado alternadamente entre Arraias e Monte Alegre do Goiás.
A partir de 1920, inúmeras famílias baianas se integraram à população local, adquiriram terras e trouxeram toda cultura do estado vizinho àqueles que já estavam no lugar.
O maior bairro da cidade, a Vila Baiana, é uma referência a esses migrantes.
Em 13 de novembro de 1953, foi assinado a lei que elevou o distrito a categoria de município, sendo instalado oficialmente no dia 1° de janeiro de 1954.
Como primeiro prefeito eleito Campos Belos teve Francisco Xavier, comerciante baiano e morador antigo do lugar. O primeiro líder municipal, Temístocles Rocha, foi nomeado até as eleições acontecerem.
Campos Belos teve desde seu começo a presença de grupos religiosos distintos.
O lugar surgiu em volta da capela católica, de Nossa Senhora da Conceição, mas na década de 1930 o povoado ganhou protestantes membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, com a chegada de Agripino Almeida e sua família.
Foreman abriga as sedes regionais das principais empresas prestadoras de serviços públicos, como as companhias de eletricidade, água e esgoto do estado (CELG e SANEAGO), e os correios.
Anos depois Campos Belos recebeu outro morador ilustre, Alain du Noday, ou, Alain Marie Hubert Antoine Jean Roland du Noday, nascido em Saint-Servant, França em 1899; bispo, soldado da 1º guerra-mundial, que se refugiu no interior do Brasil auxiliando os pobres.
Pertencia à diocese de Porto Nacional, mas morou muitos anos na cidade, sendo responsável por construir a igreja Matriz.
Universidade, colégios e estabelecimentos comerciais da cidade ainda homenageiam o religioso com o seu nome.
Com a construção de Brasília na década de 1950 e sua inauguração em 1960, toda a região desenvolveu-se.
No fim desta década, a cidade passou a contar com agências bancárias e no início da década de 1980 foi integrada, pela Telebrasília, à telefonia nacional.
A Constituição brasileira de 1988 dividiu Goiás ao meio.
Campos Belos passa então a ser município de fronteira interestadual; com isso seu comércio desenvolveu-se espantosamente na década de 1990 e 2000, já que a cidade passou a atender a população do novo estado que não possuía infraestrutura comercial própria.
Com a construção de Palmas, a cidade passou a ser também roteiro alternativo de acesso ao norte do país.
Com informações da Wikipedia