Opinião: Revista Veja e a “fraude” na CPI da Petrobras… “A mim, faz apenas gargalhar”



Por Paulo Brondi, Promotor de Campos Belos 


Ouvi murmurinhos sobre uma tal reportagem da revista semanal Brazilian Observer (ou Zóia!) sobre uma tal de “fraude” na CPI. 


A “fraude”, o “escândalo”, seria tão grande que os entusiastas já estariam pensando numa “CPI da CPI”. Quando li a reportagem, quase caí “dis costas” de tanto rir. Bom, refeito, agora escrevo.

Claro que me assusta o fato de uma revista dessas atingir milhares de lares brasileiros e ser lida por gente, até mesmo, de bem. 



Mas, pior é saber que tudo que ela publica não passa de um jogo de má-fé, apostando na burrice – de parte – de seus leitores.

Ela traz uma reportagem de capa sobre a tal “fraude” que teria havido no depoimento dos investigados numa CPI – que, em verdade, neste país não serve pra nada, pois nada investiga. 



Teriam sido eles – os investigados – orientados a responder assim-e-assado.
Beleza.


Só esclarecendo aos incautos e leigos: no Brasil, um réu, um acusado, um investigado têm, por lei e constituição, direito de permanecer em silêncio, de confessar e também, óbvio, de mentir. Sim, de mentir. 



Ora, se a ele é dado o direito ao próprio silêncio, também é dado o direito à mentira. Isso porque a quem acusa cabe o ônus da prova, inclusive da prova de que o sujeito mente. Simples assim.

É claro que muitos não sabem disso, e, lendo a reportagem, ficam mesmo indignado.


Mas quem labuta no foro criminal sabe muito bem disso, e sabe muito bem que, não raras vezes, deparamo-nos com versões dos acusados que foram sabidamente treinadas, enfeitadas, ensaiadas. Sim, a coisa funciona assim mesmo. 



Que se vire o acusador pra provar que o cara mente. O sistema funciona assim. Já vi juiz deixar de decretar prisão temporária de investigado por acreditar que ele tem direito à não-autoincriminação. É, é assim mesmo, o que posso fazer…

“Ah, mas nos EUA existe o crime de perjúrio para o réu que mente”. Fodam-se os EUA. Não moro lá, não trabalho lá, a constituição deles não é a minha. 



Só peçam pra que eles expliquem as décadas de apoio a conhecidíssimos regimes ditatoriais e corruptos por aí.

Enfim, o que aconteceu nessa CPI é o que acontece todos os dias, basta ter um advogado mediano. Pronto. Não é um “escândalo” tampouco um “fraude”, minha filha.


Essa revista somente mais uma vez se aproveita para espezinhar o governo que ela tanto odeia, e que sempre odiará, porque a ela nunca pagou reportagens a seu favor. Aliás,o ódio de classe e o revanchismo é o que pautam as páginas da semanal.


Agora, uma coisa me intriga, e como sempre nas reportagens da Brazilian Observer: como ela “teve acesso ao vídeo”? Quem foi o terceiro participante que gravou a conversa? Leiam o que ela disse:


“A decupagem do vídeo mostra que, espantosamente, o encontro foi registrado por alguém que participava da reunião ou estava na sala enquanto ela ocorria. VEJA descobriu que a gravação foi feita com uma caneta dotada de uma microcâmera. 



A existência da reunião e seus participantes foram confirmados pelos repórteres da revista por outros meios — mas a intenção da pessoa que fez a gravação e a razão pela qual tornou público seu conteúdo permanecem um mistério.”

Veja!, é fácil notar, influencia muita gente, nas cidades e nos pastos. A mim, faz apenas gargalhar.

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