Jornalista Mateus Júnior, de Palmas (TO), pode ter sido morto por asfixia; um dos suspeitos era amigo da vítima
Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, 8, os delegados adjuntos Jéter Aires Rodrigues, da 1ª Delegacia de Polícia da Capital, e Vinicius Mendes de Oliveira, da Delegacia Especializada em Investigações Complexas (Deic), detalharam a operação que culminou na prisão temporária dos suspeitos de assassinarem o jornalista Francisco Mateus da Silva Júnior, 46 anos, conhecido por Mateus Júnior.
Braulio Breendon Gonçalves Alencar, 24 anos, que era amigo da vítima, Thiago Cruz Alencar, 24 anos e Jackelyne Cleia Araújo Dutra, 19 anos, foram presos. Já Ronie Von Pereira da Silva, 20 anos, que também teria participado do crime, está foragido.
“Conseguimos no final da tarde de ontem localizar os três elementos e dar cumprimento a três mandados de prisão temporária de indivíduos envolvidos no crime e um dos indivíduos cooperou no sentido de informar onde o corpo estaria localizado”, afirmou Oliveira.
De acordo com a Polícia Civil, os suspeitos afirmaram em depoimento que Mateus Júnior sofria de problemas respiratórios (asma) e a causa de sua morte pode ter sido asfixia.
“Eles confirmam que colocaram a mordaça na boca da vítima e que antes de colocarem a mordaça, a vítima a todo momento pedia que fosse ministrado o remédio […] Quando o corpo foi encontrado estava com os pés amarrados e estava amordaçado, o que pode ter gerado o óbito dele”, afirmou o representante da Deic.
Entretanto, os delegados ressaltaram que apenas o laudo médico, que deve ser divulgado em dez dias, poderá esclarecer o que causou a morte do jornalista.
Crime
Braulio Alencar contou à Polícia que era amigo do jornalista há cerca de dois anos.
Já os demais suspeitos não o conheciam. Eles afirmaram, em depoimento, que na madrugada de sexta-feira, 2, para sábado, 3, estavam em um bar e de lá seguiram para a casa de Mateus Júnior para “confraternizar”.
Ao chegar no local e se depararem com “alto padrão” de vida do jornalista, decidiram rendê-lo para roubar seus pertences.
“Eles renderam a vítima com uma arma de fogo, a amarraram e a torturaram psicologicamente para que ela dissesse onde se encontrava cofre, ou joias, ou objetos de valor no imóvel.
Em determinado momento, segundo conta os acusados, a vítima, que sofria problemas de asma, teria se exaltado e tentado pedir socorro, no que os elementos a teriam amordaçado.
Eles afirmam que antes de ser amordaçado ele estaria recebendo a medicação de cinco em cinco minutos e após ser amordaçado ele parou de receber a medicação. Daí que eles afirmam que a vítima teria desfalecido”, detalhou o delegado adjunto da Deic.
O corpo de Mateus Júnior teria sido colocado no bagageiro do carro de um dos suspeitos e levado até a zona rural do município de Lajeado, cerca de 70 metros da via vicinal. “Eles pegaram parte da vegetação para encobrir o corpo e tentar esconder para que ele não fosse encontrado”, acrescentou Oliveira.
Prisão
Em Nova Rosalândia, a Polícia Civil prendeu os dois suspeitos da morte de Mateus Júnior, além de Diego Rodrigues dos Santos, 20 anos, por tráfico de drogas, porte ilegal de duas armas (uma delas utilizada para render Mateus Júnior), bem como, por ter dado guarida aos envolvidos no crime. Já Jackelyne Cleia Araújo Dutra, que também participou da ação, foi presa em uma van a caminho de Gurupi.
“Após o trabalho na casa da vítima fomos atrás de testemunhas que teriam tido o último contato com a vítima na região norte de Palmas e a partir daí foram traçadas algumas linhas de investigação.
Ouvimos a proprietária de um bar, na 305 Norte, que manteve contato com a vítima na madrugada de sexta para sábado; ouvimos também outras pessoas que tiveram nesse bar e daí por diante, com essas informações nós fomos trabalhando, repassamos para a delegada Liliane, o que culminou na prisão desses indivíduos ontem a noite e o lamentável encontro do corpo”, contou Jéter Rodrigues.
A delegada Liliane Albuquerque, titular da Delegacia Especializada em Investigações Complexas também participou da operação que contou com apoio de 15 policiais.
Os três homens envolvidos no crime, caracterizado como latrocínio (roubo seguido de morte), já possuíam passagens policiais por posse de drogas, furto, receptação e assaltos a residências.
Os criminosos, conforme informou a Polícia Civil, levaram da casa de Mateus Júnior uma televisão, gêneros alimentícios, roupas e o cartão bancário, que não chegou a ser movimentado.
Braulio,Diego e Thiago foram levados para a Casa de Prisão Provisória de Palmas e Jackelyne para a Unidade de Prisão Feminina de Palmas.
A detenção temporária de 30 dias pode ser prorrogada por mais 30 dias. “Se for comprovado todos os aspectos eles vão ao julgamento. Em confirmando que trata-se de latrocínio, eles não vão para tribunal do júri, vão ser julgados por um juiz singular”, finalizou Oliveira.
Reincidentes
Segundo informações apuradas pelo CT, Braulio havia sido preso no dia 20 de abril por receptação, 17 de junho por posse de drogas e 14 de julho por porte ilegal de arma, mas nesse último pagou fiança e foi solto.
Já Ronie Von estava foragido da Casa de Prisão Provisória de Porto Nacional desde o dia 8 de agosto, por assalto a residência. Braulio e Ronie Von teriam atuados juntos nesse crime em Porto, com mais outros dois criminosos.
Entenda o caso
Mateus Júnior estava desaparecido desde sábado, 3. A casa dele foi encontrada em desordem na manhã dessa segunda-feira, 5, pela funcionária que trabalha no local.
O carro do jornalista e também ex-secretário estadual de Comunicação, foi localizado na manhã de terça-feira, 6, próximo ao terminal rodoviário de Porangatu (GO).
Os suspeitos afirmaram em depoimento, segundo os delegados, que levaram o carro até o local para tentar desviar o foco das investigações.
O jornalista era assessor de comunicação da Federação da Agricultura (Faet), foi secretário estadual de Comunicação e assessorou ainda órgãos como a Câmara de Palmas e a Federação do Comércio (Fecomércio).
Fonte e texto: Cleber Toledo, do Portal CT