Livro mergulha no universo feminino e usa salão de beleza como bastidor para contos incríveis e reais




O universo feminino do Brasil contemporâneo, visto pela lupa de uma médica psiquiatra, é o pano de fundo do livro “Sábado no Templo de Afrodite”, de Marissol Lourenço, paulista de Santos, mas residente em Brasília. 



Das experiências dos consultórios, Marissol Lourenço desnuda, em contos, o universo subjuntivo da mente e dos comportamentos humanos, com histórias reais e personagens fictícias.

A sacada foi usar o salão de beleza como ambiente para a desnudação de suas personagens, das histórias, que vão desde o drama da prostituição de mulheres brasileiras na Europa, perpassando pelos horrores da opressão familiar, principalmente das questões de homossexualismo e da discriminação, racial e de gênero, e seus reflexos comportamentais e psiques.

“O Templo de Afrodite se abre para mais do que simples cuidados estéticos. O pequeno salão de beleza na zona Leste da cidade de São Paulo, como tantos outros, é o ambiente de confissões e histórias sobre o universo de mulheres comuns, que trazem em si o terrível e o sublime. 


Cada conto, uma mulher é apresentada. Entre escovas e esmaltes, dramas e levezas se revelam, expondo nuances da complexa alma feminina”, explica a autora.

Em uma das histórias, “Chocolates e Avelãs”, Karina é uma mulher estonteante, bela, feminina, glamorosa e que atrai olhares por onde passa.

Ao comer os chocolates, dos quais nunca se desgruda, costuma lamber os dedos, quase num gesto obsceno. 


Sua presença no salão é uma constante. Mas tudo encobre um comportamento maquiavélico.

Casou-se com Fábio, um “homem pela metade”, após as sequelas de um grave acidente. Não era rico e Karina tinha prazer em lhe trocar as fraudas.

Ela, na infância, matava gatos, cães e agredia os coleguinhas da escola, tudo para chamar a atenção dos pais, ausentes e desinteressados. 


Adulta, deixou de matar os bichanos e passou a matar seus prazeres mórbidos ao desfilar nua, displicente, para atordoar e torturar o pobre do marido. “Queria observar o constrangimento dele, o olhar do homem, enquanto lavava as partes íntimas”.

Não o traía e também não lhe importava os maus odores. Importava-lhe era ver a angústia, o sofrimento e devoção em tempo real.

“Queria mesmo era passar de provocante e perceber o desejo desesperado daquele sujeito, moribundo e paralisado, prisioneiro de seu corpo, mas lúcido nos pensamentos e nos desejos”.

O salão e os caprichos da academia de ginástica nada mais era do que mais um toque do figurino para o seu espetáculo de torturas.

O livro de Marisol Lourenço pode ser encomendado junto à própria autora, que o envia pelos Correio, pelo e-mail: marissol.pisiquiatria@gmail.com

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