Conheça as Cavalhadas de Taguatinga, o maior espetáculo equestre do Tocantins


No Brasil a tradição das Cavalhadas teria chegado por volta de 1756 com os portugueses. Cada região e Estado possui suas particularidades. Em Taguatinga, há 460 km de Palmas, elas acontecem junto às homenagens a Nossa Senhora d’Abadia, padroeira local. 


As Cavalhadas tiveram início, no sudeste tocantinense, em 1936. Acontecem durante a festa de Nossa Senhora da Abadia, no mês de AGOSTO. Neste ano de 2019, serão realizadas no dia 10 e 11 de agosto.

A manifestação de uma batalha equestre, teria chegado à cidade quando o então deputado João Batista de Almeida trouxe a festa que viria a se tornar tradição. 


Após dez anos de história em Taguatinga, as Cavalhadas entraram em hiato em 1946, devido à morte de alguns dos primeiros cavaleiros, voltando a acontecer apenas na década de 90, período em que moradores juntaram-se na tentativa de continuar com a representação histórica que lhes fora apresentada. No início dos anos 2000, a prefeitura da cidade tomou a frente da organização e continuam fazendo história.

A tradicional simulação da luta entre os 24 cavalheiros divididos em vermelho (mouros) e azul (cristãos), acontece todos os anos, sempre nos dias 13 e 14 do mês de agosto – os festejos de Nossa Senhora D’Abadia iniciam dia 7 e finalizam dia 15.

O Ritual

A história mostra a dinâmica existente nos eventos folclóricos e populares e a forte relação entre poder público e comunidade. 


O ritual se inicia com a benção do sacerdote aos cavalheiros; a entrega ao imperador das lanças usadas nos treinamentos para a batalha simbolizando que estes estão preparados para se apresentar em louvor a Nossa Senhora da Abadia e em honra ao imperador. 

As Cavalhadas são formadas por vinte e quatro cavalheiros, distinguindo os mouros na cor vermelha e os cristãos na cor azul. Doze cavalheiros representam os cristãos e, os outros doze, os mouros. 

Os cristãos trajam camisa azul de cetim com enfeites prateados; capa azul com bordados brancos ou prata, calça branca com botas azuis e enfeites prata. Na cabeça, um cocar cor prata com penas coloridas. 

Os mouros usam camisa de cetim ou lamê brocado, capa vermelha com bordados de ouro e calça vermelha com bordados e botas com detalhes dourados; na cabeça um cocar cor de ouro com penas coloridas. A espada e a lança usadas durante a encenação do combate complementam a indumentária dos cavalheiros.

Conhecido como “A Batalha de Carlos Magno e os 12 Pares de França”, um dos símbolos da resistência e avanços da religião cristã na luta por terras e novos fiéis. Os diálogos entre embaixadores sarracenos e cristãos apresentados no campo, foram elaborados a partir de romances de cavalarias.

O ritual da luta entre mouros e cristãos é antecedido pelo desfile dos caretas pelas ruas da cidade, que depois se dirigem ao campo de apresentação das Cavalhadas. É um grupo de mascarados representando o imaginário medieval de bruxas, caras de boi, chifres e outros animais. 


Os cavalos usados pelos caretas, são enfeitados com flores e portam instrumentos que produzem um som que os identifica.

Aos pés das Serras Gerais, no campo de apresentações, acontece a entrada do cortejo do imperador e da madrinha, com cavaleiros mirins, princesas, grupo de pastorinhas. 


A imagem de Nossa Senhora D’Abadia também está presente neste momento, seguida dos festeiros da padroeira de Taguatinga. As rainhas entram no campo a cavalo portando as bandeiras de seus reinos. 

Logo após, cavaleiros mouros e cristãos iniciam o espetáculo que tem duração de dois dias, com os guerreiros apresentando corridas e competições que remontam o passado histórico medieval.

O espetáculo de cores, brilho e sincronia é uma simulação de luta, que os cavaleiros representam através de evoluções e movimentos de espada, lança e garrucha. 


Uma batalha de cunho religioso entre mouros e cristãos, onde os cristãos são os vencedores, acontecendo assim a “submissão” dos mouros ao Cristianismo, através do batismo destes, que acontece no campo com a presença do Pároco da Igreja de Nossa Senhora D’Abadia.

História: tradição européia no interior tocantinense

Na Idade Média, os árabes foram denominados genericamente de mouros. Estes povos invadiram a Europa por volta do século VIII e só foram banidos do continente europeu no século VX. 


Originária dos torneios medievais, as Cavalhadas nasceram nos anos do reinado de Carlos Magno coroado imperador do Ocidente no ano 800 pelo Papa Leão III, com a finalidade de reviver as vitórias do Cristianismo sobre o Islamismo na Europa.

As Cavalhadas eram apresentadas principalmente na França, Espanha e Portugal, visando revitalizar o patriotismo das duas nações, quase descaracterizadas pelo prolongado domínio dos mouros na Península Ibérica. 


Trazidas ao Brasil pelos portugueses, ainda no século da descoberta, sobrevivem até os dias atuais, em vários estados, sendo realizadas geralmente no dia de Pentecostes.

Alguns historiadores acreditam que as Cavalhadas tenham sido introduzidas no Brasil pelos padres jesuítas como meio de facilitar a catequese através da junção entre o sagrado e o profano.

Em 1936, o deputado João Batista de Almeida, com a ajuda de Francisco Correia de Oliveira, resolveu levar para a cidade de Taguatinga a velha tradição ibérica, que teve como seu primeiro imperador Martinho Taguatinga. 


Transcorreu-se um ano para que as Cavalhadas ocorressem de fato. 

Em 1937 o imperador foi João Batista de Almeida, o idealizador das Cavalhadas, com realização na Igreja Matriz ainda em construção, coberta na época com palhas.

Fonte: Jornal O Girassol, Taguavip via SudesteTocantins

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