Carreteiros terceirizados pela Pavienge fazem greve em Doverlândia (GO) e expõem crise na empresa

Na última terça-feira (10), carreteiros terceirizados pela empresa Pavienge Engenharia entraram em greve no pátio da empresa em Doverlândia (GO), região sudoeste do estado, fronteira com o Mato Grosso, em protesto contra a falta de pagamento pelos serviços prestados. Subcontratados para o transporte de maquinário pesado, os trabalhadores bloquearam a saída das máquinas, incluindo esvaziamento de pneus de pranchas, como forma de pressionar pela quitação dos débitos.

A Pavienge, que atua como terceirizada para a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), não realizou os pagamentos aos carreteiros, travando as operações no canteiro de obras e gerando tensão entre os trabalhadores e a empresa. Até o momento, nem a Pavienge nem a Goinfra se pronunciaram sobre o impasse.

Rastro de dívidas e impacto regional
A crise enfrentada pelos carreteiros em Doverlândia é apenas a ponta de um problema maior envolvendo a Pavienge Engenharia. Após concluir a pavimentação da rodovia GO-447, que conecta Monte Alegre de Goiás a Divinópolis de Goiás, a empreiteira começou a desmontar seus acampamentos e recolher maquinários. Contudo, deixou para trás um rastro de dívidas milionárias com empresas e comerciantes locais.

Ferragistas, restaurantes, cantinas, lojas de autopeças e empresas de locação de caminhões e máquinas estão entre os credores que ainda não receberam pelos serviços prestados ou produtos fornecidos. Um dos casos mais emblemáticos é o de uma empresa de drenagem que aguarda o pagamento de R$ 600 mil por serviços já executados.

Investigações federais e impacto econômico local
Além dos problemas financeiros, a Pavienge também está sob investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por suspeitas de formação de cartel e fraudes em licitações de obras rodoviárias. Os contratos investigados somam quase R$ 9 bilhões e envolvem outras grandes empreiteiras.

As dívidas deixadas pela Pavienge ameaçam pequenos negócios da região, que dependiam da obra para manter suas operações. Muitos proprietários estão enfrentando dificuldades para pagar funcionários, aluguéis e fornecedores, o que coloca em risco a economia local, que vinha crescendo com as obras da GO-447.

Luta por justiça e respostas
Enquanto os carreteiros mantêm a paralisação em Doverlândia, credores buscam soluções para cobrar a empreiteira, mas relatam dificuldades para estabelecer contato. A situação expõe não apenas os desafios enfrentados por trabalhadores e empresários locais, mas também um modelo de gestão de obras públicas que, frequentemente, deixa comunidades à mercê de promessas não cumpridas.

Até o fechamento desta reportagem, a Pavienge não havia se manifestado oficialmente. O espaço permanece aberto para esclarecimentos por parte da empresa ou da Goinfra.