Globo Rural: Filha de produtores presta assistência técnica a pecuaristas em Campos Belos (GO)
Basta meio dedinho de prosa com Railane Ferreira dos Santos para o interlocutor se contagiar com sua capacidade comunicativa e se sentir à vontade para falar, ouvir e perguntar. “Muitas vezes, eu vejo que a grande carência do produtor é de atenção”, diz. Então ela escuta. O que é uma característica de sua personalidade é também um dos seus principais atributos nos serviços de assistência técnica que presta a pecuaristas de Campos Belos, no nordeste de Goiás.
Nascida em Goiânia, a jovem de 23 anos cresceu em Campestre de Goiás, a pouco mais de 50 quilômetros da capital do Estado, onde o pai, Raumi, vive da produção de leite até hoje. Ao concluir o ensino básico, Railane deixou a casa da família para seguir os estudos. “Eu queria fazer a diferença na vida de um produtor, assim como fizeram na minha”, lembra.
Nessa passagem, ela faz menção ao acompanhamento que a fazenda teve de um técnico de campo. Graças a esse trabalho e a alguns investimentos direcionados, a produção, que era de 12 litros diários em 2012, passou ao volume atual, de até 350 litros ao dia.
Sua jornada começou com o ensino técnico em agropecuária, seguido da graduação em zootecnia. Depois, Railane cadastrou-se no sistema de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Seu método de atendimento, explica, baseia-se na troca – a jovem diz não ter a pretensão de chegar com respostas prontas.
“Se eu não sei, não tenho o menor problema em dizer e ir pesquisar”, afirma. Ela ressalta que a principal lição é conhecer a própria produção antes de buscar novos investimentos ou soluções externas. “Tecnologia é saber quantos animais tem no curral”, simplifica.
Para sanar quaisquer dúvidas, Railane conta ainda com a ajuda de um zootecnista dentro de casa: o marido, João, com quem divide, além de afetos e boletos, as demandas dos produtores que acompanha. A 700 quilômetros da propriedade da família, a jovem sente saudade das origens e sabe que o pai também sofre por não ter a filha por perto. Sobre isso, ela brinca: “Eu digo ‘você quis que eu estudasse, agora aguenta’”.
Fonte: Globo Rural