Por que as mulheres têm mais dificuldade para emagrecer do que os homens?

Médico especialista esclarece motivos que levam a desigualdade biológica que pode dificultar o emagrecimento de pacientes do sexo feminino e disserta sobre métodos que a medicina produziu para auxiliar a perda de peso

A batalha contra a balança nem sempre é justa entre homens e mulheres. É muito comum escutar casos de pessoas que seguiram uma dieta rigorosa e, ao subir na balança, se frustraram ao ver que o resultado não correspondeu ao esforço. E a decepção parece ainda maior quando uma mulher percebe que seu parceiro perdeu peso com mais facilidade, mesmo comendo as mesmas refeições e mantendo o mesmo estilo de vida.

Estudos e pesquisas, incluindo uma realizada em 2018 pela Universidade de Copenhague com outras instituições, apontam que homens realmente perdem peso mais facilmente do que mulheres. Nesse estudo, que acompanhou 2,5 mil pessoas com sobrepeso e pré-diabetes em uma dieta restritiva de calorias, os homens perderam em média 11,8 kg, enquanto as mulheres perderam 10,2 kg. Essa diferença, embora pareça pequena, revela aspectos importantes sobre como os corpos masculino e feminino reagem a dietas e ao déficit calórico.

“A principal razão para a diferença está na composição corporal e nas necessidades energéticas. De acordo com especialistas, os homens possuem uma maior quantidade de massa muscular e menos gordura corporal, o que influencia diretamente no metabolismo basal — a energia que o corpo gasta em repouso. Por serem maiores e terem mais massa muscular, os homens também necessitam de um maior consumo calórico. Com a mesma restrição alimentar, eles acabam enfrentando um déficit calórico maior, o que explica a perda de peso mais acentuada”, explica o cirurgião geral Mauro Jácome,

Além disso, os hormônios desempenham um papel crucial. A testosterona, por exemplo, presente em maior quantidade nos homens, favorece o desenvolvimento muscular e reduz o acúmulo de gordura. Nas mulheres, o estrogênio tende a favorecer a retenção de gordura, especialmente em áreas como quadris e coxas, como parte de um processo biológico natural relacionado à fertilidade e proteção do corpo.

Esses fatores indicam que, embora a jornada para perda de peso seja desafiadora para todos, as mulheres enfrentam obstáculos específicos e estruturais. “A compreensão dessas nuances pode auxiliar profissionais de saúde a criarem estratégias mais eficazes e individualizadas, que levem em conta as particularidades de cada gênero, e ajudar as pessoas a ajustarem suas expectativas diante das diferenças naturais nos processos de emagrecimento”, indica Mauro Jácome.

Procedimentos para a perda de peso

Todavia, ainda que o corpo possa resistir a perda de peso, a medicina também tem ferramentas para combater essa dificuldade. “A luta contra o excesso de peso é uma realidade para muitas pessoas. Felizmente, existem várias abordagens para a perda de peso, e uma delas é o balão intragástrico. Este método não cirúrgico tem ajudado muitos indivíduos a alcançar seus objetivos de emagrecimento e melhorar sua qualidade de vida”, disserta o médico.

Na contramão do emagrecimento exacerbado, Mauro recomenda a utilização do balão intragástrico. “Trata-se de um dispositivo médico feito de silicone, que é preenchido com soro fisiológico ou ar e colocado no estômago. Diferente de procedimentos cirúrgicos, a inserção do balão é minimamente invasiva, realizada através de uma endoscopia. Uma vez no estômago, o balão é inflado, ocupando espaço e ajudando no controle do peso”.

Indicado exclusivamente para pacientes com Índice de Massa Corpórea igual ou superior a 26, Ao ocupar espaço no estômago, o balão intragástrico reduz a capacidade de armazenamento do órgão, levando a uma sensação precoce de saciedade após a ingestão de pequenas quantidades de alimentos. Isso resulta em uma diminuição natural da ingestão calórica, base essencial para a perda de peso. Além disso, o balão retarda o esvaziamento gástrico, prolongando a sensação de saciedade e ajudando a evitar excessos alimentares.