Comunidades temem o desmatamento em São João D Aliança (GO)
Uma cena triste e preocupante.
O que antes foi uma extensa vegetação do cerrado nativo, com históricos pequizeiros, cagaiteiras e outras espécies, hoje é apenas um terreno que serve de abrigo para máquinas que contribuem com o desmatamento.
Em São João d’Aliança, município goiano conhecido como Portal da Chapada dos Veadeiros, essa devastação em uma área de cerca de 500 hectares deixou uma comunidade rural apreensiva.
Os moradores do condomínio Habitat, que possui 168 unidades voltadas principalmente para atividades de agroecologia e agricultura familiar, estão preocupados com a possibilidade de ações na área vizinha prejudicarem suas fontes de água.
A comunidade já existe há mais de 20 anos, e durante todo esse tempo, a população tem investido em projetos sustentáveis, com bioconstruções, cultivos orgânicos, plantio de árvores nativas e frutíferas exóticas, valorização do ecoturismo e manutenção de uma reserva de quase 200 hectares de cerrado nativo.
Em vista disso, a população teme o pior, já que não existe nenhum estudo de impacto ambiental sobre o empreendimento que está sendo implantado na fazenda vizinha.
Essa atividade tem o potencial de prejudicar os recursos hídricos que os abastecem, com a contaminação da água por agrotóxicos ou mesmo a redução da disponibilidade, devido à irrigação extensiva da futura lavoura.
A comunidade também está preocupada com a perda do acesso ao complexo de cachoeiras conhecido como Vale do São Pedro, que historicamente era frequentado por turistas e pela população local.
A nova atividade na fazenda torna inviável o banho de rio na área.
Denúncias foram feitas ao órgão estadual de fiscalização ambiental e ao Ministério Público, que iniciou uma investigação criminal para apurar o caso.
A Promotoria de Justiça de Alto Paraíso, braço do Ministério Público de Goiás que atua na região, também foi acionada pela denúncia.
O órgão instaurou uma notícia de fato criminal para apurar o caso e na última semana, realizou diligência presencial no local dos fatos para visualizar a situação.
Uma manifestação do promotor responsável é esperada para os próximos dias.
Se alguma suspeita de irregularidade se confirmar, um pedido para suspensão da licença de desmatamento será protocolado.
Com informações do Jornal do Entorno