Gaeco faz busca e apreensão contra ex-diretor da Assembleia do Paraná; ele tem fazenda em São João da Aliança
O Ministério Público do Paraná, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e em conjunto com os Ministérios Públicos de Goiás e de São Paulo, cumpriu na terça-feira (11) mandados de busca e apreensão em investigação que apura possível associação criminosa que estaria atuando para ocultar valores pertencentes ao ex-diretor geral da Assembleia Legislativa, Abib Miguel.
As ordens judiciais foram cumpridas no Paraná, em São Paulo e em Goiás.
O ex-diretor geral é réu em diversas ações propostas a partir de investigações do caso que ficou conhecido como “Diários Secretos” e que apuraram desvios de recursos públicos com a contratação de funcionários “fantasmas” na Assembléia.
Dois mandados foram cumpridos em Curitiba, um em Ribeirão Preto (SP), dois em Ipuã (SP), dois em Goiânia (GO), sete em São João da Aliança (GO), um em Formosa (GO) e um em Flores de Goiás (GO).
As determinações judiciais foram expedidas pela 4ª Vara Criminal de Curitiba, envolvem buscas em sete residências, sete fazendas e duas empresas, que seria ex-policial militar.
De acordo com o MP, o grupo estaria atuando, a partir de diferentes formas de falsificação ou simulação, para ocultar valores oriundos de exploração agrícola de propriedades rurais pertencentes ao ex-diretor-geral que foram objeto de sequestro judicial, inclusive com determinação de perdimento.
Abib Miguel tem uma fazenda em São João da Aliança, que segundo acusação do MP, foi comprada com recursos desviados da Assembleia Legislativa do Paraná.
Desvio de dinheiro público
Os documentos que comprovariam o desvio de dinheiro foram apreendidos na casa de Abib Miguel durante a operação Ectoplasma 1 do Gaeco.
Policiais prenderam além de Abib Miguel e João Leal de Mattos, os ex-diretores José Ary Nassiff (Administrativo), Cláudio Marques da Silva (Pessoal) e outras seis familiares de Mattos.
Todos foram acusados de formação de quadrilha para lavar dinheiro, falsificação de documentos e desvio de dinheiro público. Os ex-diretores e Leal Mattos tiveram a prisão prorrogada por mais cinco dias ontem.
A propriedade de 7 mil hectares que leva o nome de Izabel, uma das filhas do ex-diretor fica em São João Da Aliança, em Goiás.
A fazenda é apontada como uma das maiores produtoras de soja da região. Só a terra está avaliada em cerca de R$ 50 milhões.
Como a área tem um moderno sistema de irrigação e até um hangar para aviões, a propriedade pode valer até R$ 100 milhões, segundo analistas do setor agrícola.
A fraude supostamente montada na Assembleia começou a ser desvendada depois que a cunhada de Mattos, Nair Terezinha da Silva Schibicheski, e a sogra dele, Maria José da Silva, disseram aos promotores de Justiça que forneceram documentos pessoais ao servidor do Legislativo estadual em troca de R$ 150 por mês.
Os documentos teriam sido utilizados para contratá-las em cargos comissionados na Assembleia. A quantia de R$ 150, segundo Nair e Maria José, seria “um presente de Abib Miguel”.
Elas afirmaram aos promotores que não sabiam o volume de dinheiro que foi movimentado na conta bancária em nome delas.
Com texto e informações da Gazeta do Povo