Água do Rio Mosquito: a desesperança é a primeira que nasce, em Campos Belos

Por Jefferson Victor,


Tema de infinitas campanhas políticas, a transposição das águas do Rio Mosquito já virou piada entre moradores de Campos Belos, ninguém além de alguns entusiastas acredita mais nessa fábrica de ilusões.

Água potável sempre foi problema na cidade, primeiro pela escassez no passado, onde postos artesianos eram a única fonte pra abastecer empresas e residências. Houve uma época em que arrumar uma ligação de água da Saneago dependia de intervenção política, e só os mais influentes e privilegiados eram beneficiados.

Diante da crise de abastecimento, finalmente optaram por uma água mais volumosa e que pudesse resolver em definitivo o acesso a esse liquido precioso e tão necessário à sobrevivência das espécies e em especial ao ser humano que depende de tratamento adequado para o consumo doméstico.

Após a inauguração da usina de tratamento do Montes Claros veio a decepção, a água era salobra, e o mais intrigante, parte da população teve reação alérgica a essa água, inclusive visitantes que se diziam desconfortados com seu uso.

Anos depois foi implantado o sistema de afastamento e tratamento biológico do esgoto, e já não bastasse a água ruim a conta de água dobrou, mataram o Rio Montes Claros, e a população ribeirinhas perdeu o que tinham de melhor, água limpa que pudesse ser usada em suas atividades diárias.

O governador Marconi Perillo manteve seu discurso até o último dia do seu mandato que inauguraria essa transposição, chegou mesmo a marcar data da inauguração, enterrou alguns kms de cano, e enterrou junto o sonho de se ter água de qualidade.

Por outro lado, o Iris Resende disse em um discurso que não sabia que a água do Montes Claros era ruim, que poderia ter trazido na ocasião a água do Mosquito, fez a média e tirou da reta.

A senadora Lucia Vânia disse em uma entrevista não saber do problema, mas caso fosse reeleita empenharia para realização do projeto em andamento.

O candidato Betinho da Saneago até trouxe um dessalinizador, funcionou enquanto durou a campanha, como perdeu, o aparelho foi inviabilizado sob pretexto de alto custo devido ao consumo de sal.

Lideranças municipais, estaduais, deputados estaduais, federais, governadores, senadores todos foram agentes dessas promessas, diziam que se não deu no mandato atual, no próximo estaria garantido, recebiam os votos e como num toque de mágica desapareciam.

O que mais se vê na cidade são pessoas desesperadas por água doce, procuram as fontes disponibilizadas por empresários e fazem filas imensas em busca do produto.

São mulheres, idosos, crianças transportando água em carrinho de mão, bicicletas, motos, carros e até mesmo nos ombros e cabeças como acontecia nos anos 60, uma demonstração de que neste aspecto ainda compartilhamos modalidades do homem pré-histórico que não se beneficiavam de recursos hídricos.

Se a esperança é a última que morre, aqui ela já foi sepultada, e porque não dizer dizimada, dando lugar a desconfiança, o descrédito, a desilusão e acima de tudo a repugnância aos que iludem a boa-fé de quem diante de uma enorme carência chegou à conclusão que as promessas foram evasivas, traíram a sua confiança e transformaram seus sonhos em pesadelos.

Uma observação importante: das pessoas que aparecem na foto de capa (fotos legitimas), alguns pediram para não serem identificadas, se sentem constrangidas e envergonhadas em aparecer em situação tão humilhante.

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