PF prende 13 pessoas por atos golpistas do 8 de janeiro, entre eles o ex-candidato Leandro Fox
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta terça-feira, 18, mais uma fase da Operação Lesa Pátria.
É a 10ª etapa da investigação, que busca identificar todos os envolvidos nos atos golpistas na Praça dos Três Poderes.
A reportagem é do jornal o Estado de São Paulo.
Nesta terça, os policiais cumpriram 16 mandados de prisão preventiva e 22 mandados de busca e apreensão.
Ao todo, 13 investigados já foram capturados.
Entre os presos estão o tenente-coronel da reserva da Aeronáutica Euro Brasílico Vieira Magalhães; a professora Claudebir Beatriz da Silva Campos, suplente do PL na Assembleia Legislativa do Pará; e o empresário Leandro Muniz Ribeiro, que se candidatou a uma vaga na Assembleia Legislativa de Goiás pelo Democracia Cristã nas eleições 2018 e foi ex-candidato a prefeito de Campos Belos (GO).
A operação ocorreu simultaneamente no Distrito Federal e em sete Estados – Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.
A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é o relator das investigações sobre os protestos do dia 8 de janeiro.
Os investigados podem responder pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime e destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
A Operação Lesa Pátria se tornou permanente. Novas fases têm sido abertas quase semanalmente. A 10.ª etapa ocorre no mesmo dia em que o STF começa a julgar no plenário virtual as primeiras denúncias contra vândalos que depredaram prédios públicos e ‘autores intelectuais’ dos atos golpistas. Moraes já votou para torná-los réus.
Veja onde a Lesa Pátria faz diligências nesta terça-feira, 18
- Brasília (DF) – um mandado de prisão preventiva e um de busca e apreensão
- Goiânia (GO) – dois mandados de prisão preventiva e dois de busca e apreensão
- Capinópolis (MG) – um mandado de prisão preventiva e um de busca e apreensão
- Uberlândia (MG) – um mandado de prisão preventiva e um de busca e apreensão
- São José Del Rey (MG) – um mandado de busca e apreensão
- Sete Lagoas (MG) – um mandado de prisão preventiva e um de busca e apreensão
- Divinópolis (MG) – um mandado de busca e apreensão
- Ituiutaba (MG) – um mandado de busca e apreensão
- Betim (MG) – um mandado de prisão preventiva e um de busca e apreensão
- Monte Azul (MG) – um mandado de prisão preventiva e um de busca e apreensão
- Montes Claros (MG) – um mandado de prisão preventiva e um de busca e apreensão
- Juara (MT) – dois mandados de prisão preventiva e dois de busca e apreensão
- Marabá (PA) – um mandado de prisão preventiva e um de busca e apreensão
- Londrina (PR) – um mandado de prisão preventiva e um de busca e apreensão
- Medianeira (PR) – um mandado de busca e apreensão
- Rio de Janeiro (RJ) – um mandado de prisão preventiva e dois de busca e apreensão
- Ourinhos (SP) – um mandado de prisão preventiva e um de busca e apreensão
- São Paulo (SP) – um mandado de busca e apreensão
- Hortolândia (SP) – um mandado de prisão preventiva e um de busca e apreensão
Dossiê da Polícia de São Paulo aponta Fox
A Polícia Civil de São Paulo entregou ao Supremo Tribunal Federal, em novembro passado, dossiê de 168 páginas com informações e identificação de lideranças e patrocinadores de atos considerados antidemocráticos.
O documento, produzido pelo Departamento de Inteligência da Polícia Civil, cita políticos do interior paulista apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e indica até chaves PIX que estariam sendo usadas para financiar bloqueios de rodovias em todo o País.
O relatório da Polícia paulista, acompanhado de cópias de boletins de ocorrência registrados em várias regiões, foi levado ao STF, acatando determinação do ministro Alexandre de Moraes, e faz parte da extensa coleção de papéis com dados sobre manifestantes que já foi encaminhada à Corte pelas polícias de outros Estados.
Os agentes da Polícia de São Paulo citam um grupo do Telegram batizado ‘Resistência Civil’, no qual o representante de um ‘movimento’ chamado ‘Brasil nas ruas’ pede, em vídeo, doações para manter os atos em Brasília.
Segundo a corporação, o grupo foi identificado durante ‘ações de coleta de dados em fontes abertas e redes sociais com o objetivo de identificar financiadores de atos antidemocráticos no entorno de instalações militares do Exército’.
A Polícia Civil simulou uma transferência para a chave PIX citada na gravação publicada no grupo ‘Resistência Civil’, chegando a uma empresa de nome Goiás Entretenimento.
Os agentes ainda citam um website do suposto grupo, ligado a Leandro Muniz Ribeiro, ‘político conhecido como Leandro Fox, ligado ao partido Democracia Cristã’.
O dossiê elaborado pela Polícia Civil de São Paulo se soma aos levantamentos feitos pelas Polícias Militar e Civil e também pela Polícia Federal em outros Estados, além de informações apresentadas pelos Ministérios Públicos estaduais.
Como mostrou o Estadão, os documentos indicam o perfil dos líderes e financiadores dos protestos com mensagens antidemocráticas, citando políticos, policiais e ex-policiais, servidores públicos, sindicalistas, fazendeiros, empresários do agronegócio e donos de estandes de tiro.
Eles não são formalmente acusados de crimes, mas poderão ser investigados.
Além da identificação de possíveis líderes dos atos considerados antidemocráticos, a Polícia Civil de São Paulo levou ao Supremo todos os registros de ocorrência lavrados pela corporação em meio aos dias marcados pelos bloqueios de rodovias.