Museu do Fogo atrai turistas de todo Brasil, em Cavalcante (GO), no coração do Cerrado
Primeiro espaço cultural do país dedicado ao tema recebeu mais de 400 visitantes em cinco meses, 36% vêm de outras regiões do Brasil
O Museu do Fogo, espaço multicultural localizado no município Cavalcante, no Nordeste Goiano, tem atraído a atenção do turista interessado em conhecer mais sobre a conservação do Cerrado.
Trata-se da primeira iniciativa do país voltada à educação socioambiental que associa o fogo com a proteção do bioma.
Inaugurado em setembro de 2022, o espaço já recebeu mais de 400 visitantes, sendo que um a cada três vêm de outras regiões do Brasil – 64% do Centro-Oeste, seguido do Sudeste (13,1%), Nordeste (11,3%), Norte (5,9%) e Sul (5,9%).
“Os primeiros cinco meses de funcionamento do museu certamente devem ser considerados um sucesso.
Os turistas têm vindo de longe para conhecer mais sobre o Cerrado e sua preservação, o que demonstra o interesse de manter intacto esse ambiente.
O espaço também tem atraído moradores locais e promovido visitas guiadas para estudantes de escolas públicas e privadas e universitários.
São ações importantes para reforçar a conscientização e a educação ambiental”, conta explica Rafael Drumond, diretor da Brigada Ambiental Voluntária de Cavalcante (BRIVAC).
Situado a cerca de 500 quilômetros de Goiânia e 320 quilômetros de Brasília, o Museu do Fogo foi criado a partir da união da BRIVAC, do Instituto S2 e da Vila Nômade.
Abrigado em um casarão colonial do século XIX, apresenta mecanismos de prevenção e controle de incêndios do bioma, traz uma experiência multissensorial e tecnológica aos visitantes ao simular o ambiente em que os brigadistas vivem durante o combate ao fogo com sons, luzes e “fumaça”, tornando real a sensação de incêndio no Cerrado.
“Ao entender melhor como o fogo age no bioma, conseguimos aprimorar as formas de preservar a região e toda a sua biodiversidade”, explica André Zecchin, gerente da Reserva Natural Serra do Tombador, mantida pela Fundação Grupo Boticário, instituição parceira da BRIVAC e incentivadora de ações que promovam a conservação do Cerrado, especialmente no Nordeste Goiano. Para Zecchin, o museu é mais uma iniciativa para ampliar a discussão a respeito do tema, disseminando informações sobre o manejo integrado do fogo (MIF) e brigadas de incêndio voluntárias. Braulio Dias, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), também acredita que a criação do museu é essencial para que a informação chegue a todos, pois reforça o engajamento da sociedade civil e a promoção da educação ambiental.
Além de potente instrumento de conscientização, o espaço visa atender outras importantes demandas locais, como a geração de receita para a manutenção dos brigadistas, o fortalecimento da atividade turística e a entrega do primeiro espaço museológico no município.
Visitas escolares
O museu recebe grupos escolares para visitas guiadas, feitas mediante agendamento. Durante os primeiros meses de atividades foram promovidas três visitas de instituições de ensino, sempre acompanhadas e monitoradas por membros da Brivac.
Participaram da atividade alunos da Escola Janela e da Escola Municipal Tia Cici, ambas de Cavalcante, e estudantes da Universidade Federal do Tocantins (UFT).
“Os nossos alunos aprenderam e se divertiram ao explorar o Museu do Fogo. Puderam conhecer de forma mais direta e experiencial os mecanismos de preservação do Cerrado.”, conta Patrícia da Costa Souza, professora do núcleo de alfabetização da Escola Janela.
Por que um museu do fogo?
A relação do Cerrado com o fogo é antiga.
A evolução do Cerrado fez com que a região fosse composta por um conjunto diverso de características e particularidades da vegetação e espécies de plantas que são tolerantes ou dependentes do fogo.
Algumas, inclusive, só conseguem se reproduzir quando expostas às altas temperaturas das chamas, como a erva conhecida como cabelo-de-índio (Bulbostylis paradoxa).
Todavia, focos de incêndios no bioma aumentaram nos últimos anos, especialmente na época da seca, entre agosto e outubro, quando ele tende a ser mais intenso e de maiores proporções.
Nesse período, a maior parte dos incêndios são de origem humana, causados principalmente por atividades agropastoris.
“Focos de incêndio no Cerrado continuam a ser uma das principais ameaças à região. Para reduzir o impacto sobre o bioma, o manejo integrado do fogo (MIF) tem sido adotado como estratégia em áreas protegidas em diferentes estados.
São ações de prevenção e combate a incêndios, pautadas na ciência e no conhecimento tradicional, usadas com o objetivo de proteger as áreas naturais. O museu busca fomentar o debate qualificado sobre o tema, de forma a ampliar a compreensão de como essa abordagem pode ajudar na preservação da natureza”, explica Zecchin.
O Museu do Fogo está localizado na Rua Cristã, no Centro de Cavalcante (GO). Funciona diariamente, das 13 às 23 horas. A entrada é gratuita e autoguiada. Visitas guiadas podem ser solicitadas pelo e-mail contato@museudofogo.com.br, informando o número de pessoas, nome da instituição e dias e horários de interesse.
Sobre a Fundação Grupo Boticário
Com 32 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira.
A instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Já apoiou cerca de 1.600 iniciativas em todos os biomas no país.
Protege duas áreas de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas.
A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário.
A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial.
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