Dez anos de abandono: situação precária de escola quilombola em Arraias (TO) é destaque no Globo Rural
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Salas com mofo nas paredes, piso de cimento batido, sem banheiro e turmas de séries diferentes ocupando o mesmo espaço.
Essa é a realidade que quem se esforça para estudar vai encontrar na escola da comunidade quilombola do Kalunga, em Arraias, no sudeste do Tocantins. População remanescente espera há 10 anos que obra de escola seja entregue na região.
A matéria foi pauta de uma longa matéria do tradicionalíssimo Globo Rural, da TV Globo e da Globo News.
O caso foi divulgado agora em março neste BLOG e em outras ocasiões.
A Prefeitura de Arraias disse que a obra começou em gestões anteriores, que identificou as pendências da obra e que tem o compromisso de concluir a obra ainda em 2023.
A Secretaria de Educação do Tocantins disse que nos próximos dias deve começar a reforma da escola e a construção de banheiros.
Dos pequenos aos mais idosos, que também frequentam a escola, todos tentam aprender cada dia um pouco das letras e números. Aos 69 anos, o motorista Edi Alves Moreira, nascido e criado na região, não teve a oportunidade de estudar quando era criança.
“Eu não tive a oportunidade de estudar. As vezes até eu tava aqui, mexia com o gado e ia pro pastoreiro. A filha dele passava uma letrinha pra mim no papel, eu levava no bolso da camisa e lá no pastoreiro, quando o gado malhava, eu ia desenhar as letras”, contou o idoso. Que não quer o mesmo destino às crianças da comunidade.
A escola tem atualmente 60 alunos. Apenas três salas abrigam todas as turmas, desde a alfabetização até o novo ano do ensino fundamental.
São poucos espaços, com muitos problemas: as salas de aula não têm forro e é possível ver os buracos no teto, por onde a água passa quando chove. Nas paredes mofo, pintura acabando e fiação exposta. Para ir ao banheiro, o jeito é procurar o mato, porque o banheiro não tem nem privada, só um buraco no chão. Por isso foi interditado.
A lavradora Lerinda dos Santos, mãe de uma das crianças que estuda na escola, há momentos em que a situação é pior e as aulas acontecem debaixo de um pé de manga por falta de espaço na sala de aula.
“Não tá a turma toda, tá faltando ônibus escolar aqui hoje. Se tivesse todo mundo aqui a turma tava lá debaixo do pé de manga”, disse a mãe.
Assista à reportagem do Globo Rural
Com todos os contratempos, a professora Valdirene dos Santos, que atua na escola, não desiste. “Eu busco uma aula diferenciada pra ele, pra que ele possa aprender brincando. Pra motivar ele a vir. ‘Não, hoje a aula hoje foi interessante. Amanhã eu venho tia’, isso pra mim é uma satisfação imensa”, contou.
Diante de tantos problemas para ter um direito garantido por lei, que é a educação, as lideranças Kalunga, por meio da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins, denunciaram a situação da escola ao Ministério Público Estadual (MPE)