Obra da adutora de água doce do Rio Mosquito teve valor pago indevidamente em mais de R$ 2 milhões, aponta relatório da Saneago
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Finalmente tivemos acesso ao relatório da Saneago que aponta irregularidades na construção da adutora do Rio Mosquito, que levaria água doce para a cidade de Campos Belos (GO), um sonho acalentado há mais de 40 anos e que virou obra inacabada vai fazer 9 anos.
Uma sindicância da Saneago, finalizada em outubro de 2020, aponta “achados”, mal feitos para se falar bonitinho, em um total supostamente pago de maneira indevida de R$ 2.136. 400,00 ou seja, 8, 8 % do valor medido no decorrer do convênio.
Para o leitor entender.
Pelo projeto, a água doce que beneficiaria toda a comunidade, com mais de 20 mil pessoas, sairia do Rio Mosquito, no distrito de Pouso Alto, numa distância em canos de 55 km.
Em Campos Belos seria construída uma estação de tratamento da água bruta e adutora de distribuição, numa obra prevista inicialmente em mais de 32 milhões de reais.
Ela começou em 2014 e deveria durar 39 meses.
Por diversas irregularidades, projetos mal feitos, má gestão por parte da Saneago e da prefeitura de Campos Belos (GO), e até de suposto desvio de recursos, a obra não foi à frente.
Gastou-se mais de 15 milhões de reais, enterraram canos e só.
Segundo o relatório sigiloso da Saneago, o projeto, de 2013, é relativamente complexo e caro, tendo em vista o porte da cidade.
O sistema proposto previa aproximadamente 55 km de adutoras, cinco estações elevatórias de água, uma ETA (estação de tratamento) e um reservatório de água tratada, com alto custo de implantação e alto custo operacional.
Ao longo dos próximos dias, o Blog vai soltar as principais irregularidades encontradas pela sindicância.
Uma delas diz que a empresa foi contratada para fazer a obra antes mesmo de haver a licitação.
Um verdadeiro absurdo.
“Na análise dos autos identificou-se que a Ordem de Serviço para execução da obra foi dada, pelo então diretor de engenharia, ao município, alguns dias antes da concorrência do certame e da celebração do contrato entre o município e a empresa contratada, através do Of. 405/2014. Isto causou estranheza, visto a inexistência de empresa executora em tal momento”.
Também chamou atenção o fato de a empresa contratada iniciar a primeira medição no mesmo dia de celebração do contrato com o município (18/02/2014), e antes da adequação do convênio ao licitatório (11/03/2014).
“Notou-se que esta medição, com período de 11 dias (18/02/2014 a 28/02/2014), teve valor equivalente a 24% do contrato.
Destaca-se ainda que a 2ª medição ocorreu entre 01/03/2014 e 26/03/2014 e também mediu 24% do valor contratado, assim em 36 dias mediu-se 48% do valor total do convênio.”
Ao que parece foi um verdadeiro fosso de escorrer dinheiro e de forma rápida.
E o Ministério Público de Goiás, tomou alguma providência?
Algum dinheiro foi devolvido aos cofres públicos?
Alguma autoridade foi chamada a responder por esse tremendo golpe contra a comunidade de Campos Belos?
São perguntas ainda sem respostas.
Veja o que já publicamos sobre o rio mosquito nos últimos 15 anos