Vaticano retoma processo e abre caminho para tornar Dom Alano em Beato e, depois, Santo
O Estado do Vaticano, sede da Igreja Católica, retomou o processo de beatificação de Dom Alano Maria Du Nodaya, para torná-lo beato e depois santo.
Ele agora passou à condição de “Servo de Deus”.
Dom Alano nasceu na França em novembro de 1899, e no final de vida dedicou-se inteiramente à comunidade de Campos Belos (GO),
Antes de sua renúncia propriamente dita, com a chegada de Dom Celso em 1972, Dom Alano retirou-se e instalou-se em Campos Belos, a cidade mais distante da sede episcopal.
O processo corre após autorização da Santa Sé. Os primeiros passos ocorrem na Diocese, no caso em Porto Nacional (TO).
No processo, o bispo atual escolhe um postulador, que atua como advogado de defesa e que tem a missão de investigar detalhadamente a vida do candidato que esteja com a fama de santidade.
Ao iniciar o processo, o candidato recebe o título de Servo de Deus, pois, o postulador deve investigar minuciosamente a vida dele, que se torna “Venerável” ao finalizar esse processo.
Conforme explicação da Paróquia e Campos Belos (GO), o segundo processo é o milagre da beatificação.
Nele, o servo de Deus será beatificado, se comprovado que alguém recebeu um milagre por sua intercessão, “pois essa é a missão daqueles que se tornam santos, interceder por todos nós”.
Por fim, há um terceiro processo.
Ele é o milagre para a canonização, que precisa acontecer após a sua beatificação.
Depois de comprovado esse milagre, torna-se o então Beato em Santo, podendo passar a ser cultuado universalmente, ou seja, a Igreja no mundo inteiro pode rezar pedindo sua intercessão.
Na Diocese de Porto Nacional atualmente há dois Servos de Deus: Dom Alano Maria Du Noday e Padre Luso.
Ambos os processo no período de investigação para seguir para a Beatificação, que geralmente é um caminho longo, demorado e sem previsão do tempo para se ter um desfecho.
Quem foi Dom Alano
Bispo Dom Alano, figura histórica de Campos Belos (GO), era um nobre francês, em sua odisseia pelo Brasil.
Na foto acima, ainda padre, ele rema em um barco, no Rio Tocantins, em Porto Nacional, ainda estado de Goiás.
A data da foto e seu autor não foram informados. Mas é uma imagem icônica.
Dom Alano Maria Du Noday nasceu em 2 de novembro de 1899 em Sain Servant, região da Bretanha, norte da França, com o nome de Jean Hubert Antoine du Noday.
Terceiro filho do casal Conde Arthur Rolland du Noday e da Condessa Antoinette R. Du Noday, acabou tornando-se o único herdeiro após a morte de seus dois irmãos, ainda jovens.
Foi tenente do exército francês.
Serviu à “Légion Française”, na África, e, apesar de um futuro brilhante na carreira militar, pois era muito estimado por todos os seus superiores, pela fortuna e pelo prestígio familiar, decidiu largar tudo e dedicar-se à religião.
Ingressou na Ordem Dominicana, em São Maximino, convento dominicano de grande reconhecimento na região da Provença, sul da França, em maio de 1922.
Revestiu-se do hábito dominicano e recebeu o nome religioso de Frei Alano Maria du Nuday, em 10 de junho de 1922.
Fez os primeiros votos religiosos em 24 de junho de 1923 e os votos definitivos como frade dominicano, três anos depois, em 24 de junho de 1926, após um tempo de estudos e de vivência do convento.
Após os estudos, de 1922 a 1928, Frei Alano foi ordenado presbítero no dia 04 de agosto de 1928, com quase 29 anos de idade.
No entanto, o “campo de trabalho por ele sonhado, com total realização do seu sacerdócio, era a missão no Brasil” .
Chegou ao Brasil em 23 de junho de 1933 e permaneceu por três anos no Rio de Janeiro, onde estudou a língua portuguesa, desenvolveu diversos trabalhos pastorais e fez muitas amizades, que lhe foram úteis enquanto bispo no sertão de Goiás.
Durante o período em que esteve na capital federal do Brasil, Frei Alano foi nomeado segundo Bispo da Diocese de Porto Nacional, no dia 19 de março de 1936 e foi sagrado bispo no dia 1º de maio do mesmo ano.
Assim, Dom Alano Maria Du Noday tornou-se o bispo mais novo do Brasil, na época com apenas 37 anos de idade .
No mesmo ano de 1936, o nobre que virou bispo no sertão e conheceu toda a extensão de sua Diocese, numa grande visita pastoral de norte a sul, de leste a oeste, enfrentando lombos de cavalos, mulas e os remos de barcos e canoas.
Conheceu o povo, os indígenas, a pobreza e as dificuldades que acarretavam os sertanejos que habitavam o antigo norte de Goiás, desolado e esquecido pelos centros administrativos do sul.
A atuação de Dom Alano à frente da diocese de Porto Nacional, durante os 37 anos de seu episcopado, marcou para sempre a região e, especialmente, o povo que o traz na lembrança como o ‘Missionário do Tocantins’.
No tocante à educação, trouxe para a diocese institutos religiosos que abriram colégios e se responsabilizaram pela instrução de crianças e jovens, como o Colégio Cristo Rei, de Pedro Afonso, o Colégio João de Abreu, de Dianópolis, o Colégio Estadual, de Cristalândia, o Colégio Assunção, de Miracema, o Colégio Bernardo Sayão, de Gurupi, dentre outros.
Suas iniciativas em Porto Nacional resultaram na criação de escolas, como o Colégio Estadual e a escola Irmã Aspásia.
Dedicou-se com afinco para a implementação de uma linha do Correio Aéreo Nacional (CAN) através da FAB (Força Aérea Brasileira).
Trouxe para diversas cidades da diocese congregações religiosas que muito contribuíram no trabalho de evangelização, como os “Orionitas”, em Tocantinópolis, os Franciscanos, em Cristalândia, e os Redentoristas em Pedro Afonso.
A partir do estabelecimento dessas três congregações católicas, em pontos estratégicos da Diocese na década de 1950, Dom Alano inicia um plano de criação de novas dioceses no antigo norte de Goiás, desmembradas da Diocese de Porto Nacional.
Assim, em 1952 foi criada a Prelazia de Tocantinópolis, em 1956, a Prelazia de Cristalândia e em 1966, a Prelazia de Miracema do Norte.
A criação de novas circunscrições eclesiásticas no antigo norte de Goiás, à partir do desmembramento da Diocese de Porto Nacional, constituiu um tempo novo na organização da Igreja Católica do Tocantins.
Dom Alano, através de seu episcopado, “foi um grande benfeitor de Porto Nacional (…) não há um só melhoramento público ou social conseguido por Porto durante o seu governo episcopal que não tenha sido implantado pelo culto e dinâmico pastor” .
Dom Alano renunciou a Diocese de Porto Nacional em maio de 1976, com 76 anos de idade entregando-a aos cuidados de Dom Celso Pereira de Almeida que, desde 1972 estava à frente da Diocese como Bispo Auxiliar.
Antes de sua renúncia propriamente dita, com a chegada de Dom Celso em 1972, Dom Alano retirou-se e instalou-se em Campos Belos, a cidade mais distante da sede episcopal.
A última missão foi trabalhar como sacerdote na comunidade, pobre e abandonada, até 1984, quando, já debilitado pela idade e pela enfermidade, foi reconduzido à Porto Nacional onde morreu em 14 de dezembro de 1985.
Com informações da Diocese de Porto Nacional