Lula lidera em 13 estados, e Bolsonaro em 7: o que as pesquisas para presidente revelam sobre a corrida eleitoral?
A 33 dias das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a disputa pelo Palácio do Planalto entre os eleitores de ao menos 13 estados do país.
É o que mostra um levantamento feito pelo InfoMoney com base nas pesquisas de intenção de voto mais recentes divulgadas em cada unidade da federação.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, aparece à frente em 7 estados e no Distrito Federal, e está em situação de empate ou empate técnico (diferença de intenções de voto dentro da margem de erro) com Lula em outras 6 UFs.
Entre os outros 9 candidatos à Presidência da República, nenhum consegue superar a polarização sequer em nível regional.
Os números mostram Lula liderando em todos os estados do Nordeste – região em que é historicamente mais apoiado desde que venceu sua primeira eleição, em 2002.
As maiores vantagens de Lula estão no Piauí (69% contra 15% de Bolsonaro, segundo o Ipec), no Maranhão (66% a 18%, segundo o Ipec) e na Bahia (61% a 20%, de acordo com o Datafolha). Os três estados somam 18,9 milhões de eleitores, o equivalente a 12% do eleitorado brasileiro.
As pesquisas a nível estadual indicam que Lula poderia ter mais de 25 milhões de votos no Nordeste – o que corresponde a quase 60% do eleitorado da região. Este montante poderia superar o apoio total aos outros 9 candidatos de fora da polarização no país inteiro, estimado em algo próximo a 17 milhões, considerando o último Ipec.
Lula também aparece à frente nos dois maiores colégios eleitorais do país: São Paulo (por 43% contra 31% para Bolsonaro, segundo o Ipec) e Minas Gerais (por 42% a 29%, de acordo com o mesmo instituto). Esses estados têm respectivamente 34,6 milhões e 16,3 milhões de eleitores, e concentram cerca de 1/3 de todo o público votante do país.
No Rio de Janeiro (39% a 39%, segundo a Quaest) e no Espírito Santo (42% a 37%, segundo o Ipec), os dois estados que completam a região Sudeste, o quadro é de empate ou empate técnico entre Lula e Bolsonaro − ou seja, pelas margens de erro, não é possível afirmar com precisão qual candidato estaria à frente na disputa no momento em que as pesquisas foram feitas.
Já Bolsonaro tem desempenho favorável em estados do Centro-Oeste, Norte e Sul. Suas maiores vantagens são vistas em Roraima (66% contra 16% de Lula), Rondônia (54% contra 27%), em Santa Catarina (50% a 25%) e no Acre (53% a 30%). Em todos esses casos, as pesquisas utilizadas foram feitas pelo Ipec. Os quatro estados reúnem 7,7 milhões de eleitores, menos de 5% do eleitorado brasileiro.
O atual presidente também tem vantagem confortável em Mato Grosso (52% a 32%, segundo o Instituto Ideia) e em Mato Grosso do Sul (45% a 29%, segundo o Instituto Paraná Pesquisas). Os dois estados somam 4,5 milhões de eleitores.
Bolsonaro chega a aparecer numericamente à frente no Distrito Federal (42% a 34%, segundo o Instituto Ideia), em Goiás (39% a 34%, segundo o Ipec) e no Paraná (41% a 35%, conforme dados do mesmo instituto), mas a distância não supera os limites das margens de erro. Por isso, os casos configuram empate técnico.
O muro da polarização
O levantamento sobre a corrida presidencial nos estados reforça o quadro de dificuldades de crescimento para candidaturas fora da polarização mantida entre Lula e Bolsonaro.
A dupla concentra algo entre 83% e 94% das intenções de votos válidos (ou seja, excluindo votos em branco, nulos e eleitores indecisos) nas unidades da federação, de acordo com as pesquisas consideradas.
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado nas principais pesquisas, tem seu melhor desempenho no Ceará, estado em que construiu sua trajetória política. Mas nem lá lidera.
O mais recente levantamento Ipespe mostra o candidato com 14% das intenções de voto, taxa insuficiente para fazer sombra sobre Lula (53%) ou Bolsonaro (23%).
Nas eleições de 2018, Ciro venceu a corrida presidencial no estado, com 41% dos votos válidos − 382 mil a mais do que o segundo colocado, Fernando Haddad (PT).
Ele terminou a disputa geral na terceira posição, com o apoio de 12,47% dos eleitores que escolheram algum candidato. Ou seja, pela indicação das pesquisas, o quadro hoje é ainda mais complexo para o pedetista.
Já a senadora Simone Tebet (MDB), considerada outra aposta da chamada “terceira via” nestas eleições, chega a apenas 6% em seu próprio estado, o Mato Grosso do Sul, segundo o Instituto Paraná Pesquisas. Lá Lula aparece com 29% e Bolsonaro com 45%.
Considerando os resultados das pesquisas usadas no levantamento sobre os estados (portanto, ainda sem dados do Pará), Ciro Gomes teria cerca de 10,15 milhões de votos se a eleição fosse hoje. Já Simone Tebet, contaria com o apoio de 3,12 milhões de eleitores. Os números são menores do que Lula (14,91 milhões) e Bolsonaro (10,75 milhões) teriam apenas no estado de São Paulo.
A pouco mais de um mês das eleições, analistas políticos veem pouco espaço para candidaturas fora da polarização mantida entre Lula e Bolsonaro na corrida presidencial. A alta taxa de convicção dos eleitores capturada pelas pesquisas de intenção de voto reforçam a avaliação.
Fonte e Texto: Infomoney