Suspeito de desviar R$ 2 mi de igreja, bispo celebra missas no DF

Mesmo com a orientação do Vaticano de se manter afastado de qualquer função na Igreja Católica, o bispo José Ronaldo Ribeiro continua a celebrar missas. 


Essa é a informação do Portal Metrópoles. 


Acusado de ser líder de um esquema que desviou cerca de R$ 2 milhões das 33 paróquias que integram a Diocese de Formosa (GO), o religioso chegou a ser preso e passou um mês na cadeia.

Quase dois anos após a deflagração da Operação Caifás, do Ministério Público de Goiás (MPGO), o clérigo é visto com frequência realizando o sacramento da Eucaristia na Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Sobradinho. 

A Missa das Rosas, celebrada no dia 22 de cada mês, normalmente é conduzida por ele.

Após sair da penitenciária, o bispo pediu autorização da Justiça para morar na casa da mãe, na cidade do DF. 

A residência da senhora de 92 anos se tornou lugar de peregrinação de fiéis, que duvidam dos crimes atribuídos a dom José Ronaldo. 

Elas pedem oração e ajudam o bispo e a mãe dele em tarefas da casa, como limpar e cozinhar.

O processo de expulsão dele da Igreja Católica não foi concluído. 

Por isso, ele tem o direito de ainda ostentar o título de bispo. 

Além disso, continua a ter direito a receber três salários mínimos e meio (R$ 3.616) e gozar de plano de saúde. 

Tudo pago pela instituição religiosa.

No entanto, como consta em atos internos da nunciatura – missão diplomática do Vaticano –, ele deveria evitar presidir cerimônias públicas em qualquer templo subordinado ao papa Francisco.

Em dezembro, o suspeito pelo maior desfalque da história da Diocese do município goiano, distante 80 km de Brasília, ocupou o altar na paróquia de Sobradinho por mais de duas horas.


Trajando uma casula dourada sobre a túnica branca, ele usa a mitra (chapéu destinado aos bispos) e empunha um báculo – que, biblicamente, remete ao cajado de Moisés. 

Ele fez a homilia e jogou água benta no público.

Carta de renúncia

Em 12 de novembro de 2018, tragado pelas denúncias de corrupção na Diocese de Formosa, dom José Ronaldo pediu renúncia ao papa Francisco, que foi aceita pela maior autoridade da Igreja Católica. 


Veja o documento acima.

No lugar dele, o sumo pontífice nomeou o bispo interventor, Paulo Mendes, que se encontra à frente da diocese até hoje.

Mesmo depois de preso, ele ocupou os aposentos da casa episcopal, em Formosa, por oito meses. Como o Metrópoles revelou, a residência oficial do bispo de Formosa também esteve no centro dos escândalos.

Em depoimento ao MPGO, pessoas que trabalharam no setor administrativo da Catedral de Formosa denunciaram aumento expressivo de gastos na casa episcopal. Na gestão dele, o dispêndio mensal saltou de R$ 5 mil para R$ 35 mil.

Testemunhas também delataram que o bispo abrigava diversos “hóspedes” indesejados.


Eram homens que acompanhavam o clérigo há mais de 15 anos e ficaram conhecidos como os “filhos do bispo”. 

Alguns, como mostrou a reportagem do Metrópoles de abril de 2008, eram conhecidos por promover badernas no município goiano.

Um deles, Wellington Floro, 27, foi detido sob acusação de estuprar uma criança de 11 anos em Caldas Novas (GO). 

Já Maurício Martins Alves, que morou com o bispo por mais de uma década, acabou detido por quebrar o nariz da ex-esposa com uma cabeçada. 

Um outro “filho” chegou a furtar uma fiel dentro de um templo religioso.

“Mau pastor”

Antes de ser ordenado bispo em Formosa (GO), dom José Ronaldo ficou de 2007 a 2014 como bispo em Janaúba, município mineiro com 30 mil habitantes. 


Em 24 de maio de 2010, fiéis encaminharam uma carta ao então núncio apostólico do Brasil, dom Lorenzo Baldisseri.

No documento, católicos leigos definiram o bispo como “uma pessoa ausente e distante da comunidade”. 


Segundo eles, dom José Ronaldo supostamente levou para a cidade 15 jovens de Brasília, que teriam se envolvido com crimes graves, como furtos, assaltos e tráfico de drogas. 

Mais tarde, eles ganhariam a alcunha de “filhos do bispo“.

Os fiéis organizaram um abaixo-assinado com 19 mil assinaturas para tirar o religioso da diocese, pois o consideravam um “mau pastor”. 


A saída ocorreria anos depois, em 2014. “O povo cansou de presenciar as barbaridades cometidas por ele. Ele nunca prestou contas para o clero e age com atitudes de coronelismo diante dos sacerdotes”, diz trecho do documento.

Com texto e fonte do Portal Metrópoles, do DF

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