Território Kalunga se autoproclama como primeiro TICCA no Brasil
O conceito TICCA começou a ser discutido há pouco tempo no Brasil e quem trouxe o tema ao país foi a Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal, instituição que age como ponto focal do Consorcio no Brasil e é facilitadora no processo de autorreconhecimento dessas comunidades.
“Basicamente o trabalho do ponto focal é promover e buscar o reconhecimento do papel das comunidades tradicionais e indígenas, trabalhando junto com elas, com difusão de informações sobre TICCA, abrindo espaços para reflexões sobre direito ao território e acesso aos recursos naturais, fomentando discussão junto ao governo, academia e organizações não governamentais para que adotem o conceito, além do apoio às comunidades que, depois de entenderem e se apropriarem do conceito, decidem se autoproclamarem.
Para auxiliar nos trâmites esteve presente na assembleia Lilian Ribeiro, Coordenadora de Assuntos Indígenas e Comunidades Tradicionais do Componente Pantanal do Programa Corredor Azul (PCA), da Wetlands International Brasil, que junto à Mupan aporta para o Consorcio TICCA Brasil.
O II Encontro TICCA Brasil, no mês de agosto de 2019 em Corumbá, contou com a participação de Damião Moreira, liderança Kalunga da comunidade Engenho II.
Esse primeiro processo no Brasil é essencial para que outras comunidades se interessem pelo autorreconhecimento. “Ser TICCA é importante para que cada vez mais haja o debate sobre conservação ambiental e tradição dos povos indígenas e tradicionais”, afirma Lilian.
Agora, com a autoproclamação pela comunidade, a Mupan como ponto focal fará os procedimentos necessários, para que o Território Kalunga seja oficializado como o primeiro TICCA Brasil, junto ao Consorcio.
“Acho muito bom ser o primeiro TICCA autorreconhecido no Brasil, espero que este registro nos faça permanecer a comunidade que somos.
POVO KALUNGA
Originalmente formada por descendentes de africanos escravizados que fugiram do cativeiro e organizaram um quilombo, muito tempo atrás, num dos lugares mais bonitos do Brasil, a comunidade Kalunga está na microrregião denominada pelo IBGE como Chapada dos Veadeiros, no nordeste de Goiás.
Toda a área que eles ocupam foi reconhecida oficialmente pelo governo de Goiás como Sítio Histórico e Património Cultural Kalunga, parte essencial do património histórico e cultural brasileiro.
Fonte: Enfoquems