Artigo: comunidade do Mimoso (TO) grita por Socorro

Por Maria Eloisa Silva Pereira*,


O lugar onde vivo é o município de Arraias, Tocantins. 


A cidade é conhecida por seu patrimônio histórico e cultural construído, entre outros fatores, pelas comunidades quilombolas que, ao longo dos séculos, têm preservado as tradições de seus ancestrais, a agricultura e os recursos hídricos que constituem a base de subsistência da comunidade. 

Esses recursos, entretanto, estão sendo prejudicados após a chegada da mineradora itafós à região.

Os rios Bezerra e Paranã, que constituem o sustento da comunidade, foram contaminados pelos rejeitos despejados pela mineradora na água. 


Consequentemente, a contaminação causou a mortandade de peixes e inviabilizou o uso dos recursos hídricos para o consumo doméstico e para a agricultura. 

Ademais, o risco de desabamento tem tirado o sono das famílias que residem próximo ao rio Bezerra.

Conforme matéria publicada no blog, em 21 fevereiro de 2019, a atuação da Itafós tem provocado impactos ambientais na comunidade que podem levar a um desastre. 


Embora a empresa caracterize a possibilidade de sinistro como baixa, pesquisas realizadas pela Agência Nacional de Mineração (ANM), “após constatar a existência de pessoas permanentes na área de possível impacto” em caso de rompimento da barragem, estimam que há um alto risco de dano potencial associado.

Soma-se a isso o total descaso com a comunidade do Mimoso ao não se preocuparem em esclarecer o que está acontecendo e os riscos iminentes. 


A desinformação faz com que as pessoas afetadas, a exemplo das que já perderam suas casas e das que estão tentando sobreviver diante da escassez de água, sintam-se cada vez mais desamparadas, sem saber a quem recorrer.

Negar a informação a essas pessoas é desumano. 


É também negar direitos básicos garantidos em nossa legislação. Segundo a Constituição Federal, no artigo quinto, “todos os cidadãos brasileiros, sem distinção, têm o direito de resposta proporcional ao agravo, além da indenização por dano material”. 

O povo quilombola faz parte dessa nação e merece ser tão respeitado como qualquer outro brasileiro.

Ressalta-se ainda que apesar das consequências da liberação de rejeitos nos rios e da possibilidade de um desabamento, algumas pessoas têm defendido a continuidade das atividades realizadas pela empresa ao apontar o progresso trazido, a estimulação do comércio local e o aumento do número de aluguéis. 


À priori, a empresa, por ser multinacional, trouxe, de fato, avanços para algumas famílias do município e das regiões próximas, mas isso não minimiza a forma como o meio ambiente foi atingido e o modo como a vida dos quilombolas, que necessitam do rio para executar suas atividades no cotidiano, tem sido prejudicada. 

Penso que não se pode colocar a vida humana e ambiental em detrimento do desenvolvimento urbano. 

É preciso conciliar o capital e o humano por meio de um desenvolvimento sustentável.

Como afirma Paul Watson, cofundador de Greenpeace, “Inteligência é a habilidade para viver em harmonia com o meio ambiente”. 


Assim sendo, não é sábio viver em desarmonia com a Natureza. Fazemos parte dela. Por conseguinte, prejudicá-la significa causar danos a nós mesmos. Em vista disso, se há a necessidade de desenvolvimento do município, que ele seja feito em equilíbrio com o meio ambiente.

A empresa, juntamente com a comunidade e o poder público, devem desenvolver projetos que busquem amenizar os impactos ao meio ambiente e sociedade que está inserida nesse conflito. Uma boa sugestão seria utilizar o método plantation, que consiste em ampliar o plantiu do cerrado.

Portanto, é necessário conciliar economia, sustentabilidade e a humanização com vista a construir um lugar melhor. 


Concordando com os filosofo Kennedy Johm, acredito que “o laço essencial que nos une é que todos habitamos este pequeno planeta. Todos respiramos o mesmo ar, todos nós preocupamos com o futuro dos nossos filhos. E todos somos mortais”. 

Para que esse laço continue firme, é preciso que não haja distinção de pessoas e que o capital não prevaleça sobre o valor à vida: todas as vidas importam. 

É essencial que busquemos a preservação e o equilíbrio entre o homem e o meio ambiente pelas pessoas da nossa comunidade, pelos nossos filhos, por nós. 


* Estudante Colégio Joana Batista Cordeiro

Um comentário em “Artigo: comunidade do Mimoso (TO) grita por Socorro

  1. Eu como arraiano nascido e criado no sertão de Arraias até hoje me pergunto, cadê os grandes benefícios que essa empresa trouxe para Arraias,ao meu ver só grandes prejuízos ambientais que jamais vai se recuperar..eu conheci pessoas que morava e dependia do rio bezerra para o seu sustento e hoje muitas famílias estão desamparadas sem nada cadê os vereadores de Arraias que passam uma cola na boca e fica omissos agora já vai começar a corrida eleitoral…aí e prefeito e vereadores atrás de reeleição trazendo mil e uma promessa só se o povo for besta quando agente vai pra cana brva e passa pelo Rio bezerra e de cortar o coração Ao ver o que fizeram com o rio e ainda corre sérios riscos de com essas chuvas que Graças a Deus tá chovendo muito de essa barragem se romper e causar grandes danos a população e eu como arraiano me revolto com essa situação.

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