Homem infectado em Brasília dá trabalho e Justiça obriga a fazer exames


Após a decisão da 8ª Vara da Fazenda Pública do DF, que ordena que o marido da mulher infectada com o novo coronavírus faça exames para verificar se ele também está contaminado ou não, um oficial de Justiça saiu à procura do homem.


André Luís Souza Costa da Silva, 45 anos, se recusa a ficar em quarentena em casa porque sua esposa, que está internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), está em estado grave. 

Além do novo coronavírus, a paciente enfrenta um problema respiratório. O homem esteve com a esposa nas viagens feitas ao Reino Unido e à Suíça e já disse ter sentido sintomas do coronavírus.

A decisão da 8ª Vara da Fazenda Pública do DF legitima a “coleta forçada de amostras biológicas do requerido”, contra vontade de André Luís e atendendo a pedidos do GDF. 


A juíza de direito substituta Raquel Mundim Moraes Oliveira Barbosa entende que “há, de fato, um conflito entre o direito coletivo da sociedade à saúde pública” e “o direito à autodeterminação do cidadão, que, em tese, poderia optar por se submeter ou não a um tratamento médico ou por realizar ou não exames”. 


Contudo, na decisão, a magistrada fala que “os direitos, ainda que fundamentais, não podem ser encarados de maneira absoluta, devendo ser
relativizados sempre que contrapostos em uma situação em concreto”.

Isto é: a preferência pessoal de André Luís de não fazer exames pode colocar em risco os pacientes e funcionários do Hran e, por isso, “a coleta forçada de amostras biológicas do requerido mostra-se legítima no caso”, como explica a decisão.

“Soma-se a isso o fato de que a intervenção pretendida não traz qualquer risco à saúde do requerido, porque minimamente invasiva.

Ante o exposto, defiro a medida liminar para que o requerido seja intimado, com urgência, para comparecer imediatamente ao local indicado pelo requerente [GDF] para viabilizar a colheita de amostras clínicas por parte dos profissionais da Secretaria de Saúde e autorizo a realização de exames laboratoriais para se verificar sua sorologia [teste para saber se há infecção ou não] em relação ao coronavírus. 


Em caso de recusa, o requerente deverá informar o juízo para adoção das medidas legais cabíveis.”

Contaminação confirmada: marido de paciente circulava pela cidade

O resultado do exame de coronavírus para o marido da paciente que está com Covid-19 deu positivo. 


As informações são de integrantes da Secretaria de Saúde. 

Trata-se do segundo caso da doença no Distrito Federal. A suspeita sobre a condição do advogado de 45 anos existia havia dias. 

Tanto que o Governo do Distrito Federal (GDF) recorreu à Justiça para que o homem passasse a obedecer ao protocolo de isolamento estabelecido pelo Ministério da Saúde. 

Ele deveria estar recluso em casa e passar por exames que comprovassem a patologia, mas se recusou a seguir as exigências das autoridades epidemiológicas e continuou a circular pela cidade.

Como o Correio apurou, o advogado desobedecia às orientações para não acompanhar a mulher, internada na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) desde quinta-feira. 


De acordo com a Secretaria de Saúde, o advogado havia feito o exame em um laboratório particular. 

Na segunda-feira, a pasta proibiu visitas à paciente com a Covid-19. A comprovação mostra que a Justiça e a Procuradoria-Geral do DF estavam certas em forçar o exame do homem. 

A decisão saiu nesta terça-feira (10/3) pela manhã, expedida pela juíza Raquel Mundim de Oliveira, da 8ª Vara de Fazenda Pública do DF, com base no entendimento de que um direito individual não se sobrepõe a uma questão de saúde pública. 

Agora, técnicos da Secretaria de Saúde vão avaliar a necessidade de internação ou apenas de uma quarentena domiciliar.Antes do resultado, o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, reforçou a necessidade de o caso ir à Justiça. 

“O problema é que, se tem a doença e pode contaminar, o sistema de saúde precisa saber. 

A decisão judicial está absolutamente correta, e as regras de isolamento domiciliar e de quarentena devem ser medidas adotadas”, comentou. 

O casal mora no Lago Sul, viajou para a Inglaterra e para a Suíça e voltou para Brasília em 26 de fevereiro.

Com texto do Correio Braziliense

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