Arminio Fraga: Se não houver isolamento, economia pode sofrer segundo baque
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Em entrevista ao jornal O Globo, o economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, alerta que é falsa a dicotomia entre salvar vidas e a economia.
Suspender a quarentena imposta na maior parte do país não levaria os brasileiros a saírem gastando, nem os empregos seriam preservados em sua plenitude.
“Dá a impressão de que há um custo econômico, e há.
Mas dá também a impressão de que há uma alternativa sem custo, que seria fazer o (isolamento) vertical.
Mas isso não é verdade”, afirma Arminio em entrevista, por videoconferência, de sua casa no Rio.
E diz que, para socorrer a economia, é preciso agir rapidamente, o que não está acontecendo.
Arminio defende ainda que o empréstimo às empresas precisa ter garantia direta do Tesouro.
Os economistas defendem um socorro à economia.
No caso da pandemia, os médicos dizem que, quanto antes a quarentena, mais eficaz ela é. É possível fazer um paralelo com a economia? O socorro não está demorando?
– São duas situações diferentes, mas há, sim, um paralelo. No caso do isolamento, a ideia é se antecipar à propagação do vírus.
Em outros países, como Cingapura, que é rica e pequena, foi possível também testar muito, com rastreamento de contatos, um processo quase individual. Mas isso não seria possível aqui.
Então, o isolamento é a única opção, e quem agiu com presteza teve resultados melhores.
No lado da economia, a ação ganha contornos de urgência, em função do colapso súbito da receita de várias empresas, pequenas, médias e grandes. Dependendo do setor, o colapso chega a 100%.
Nada disso existe em situações normais. Numa recessão, a receita cai aos poucos e chega, no pior momento, a uma queda média de 10%.
Por consequência, espera-se uma onda enorme de desemprego. Por isso, é importante agir rapidamente. O que não está acontecendo.
Fonte: Agência Globo