Um basta à violência

Com a morte insana do pároco da cidade, Padre Rubens, num crime banal e fútil que chocou, abateu e emudeceu a comunidade, Campos Belos procura resposta para tanta violência.


Em abril e maio, foram seis crimes de homicídios ocorridos no município. É muito para uma cidade de apenas 25 mil habitantes.


É evidente que a morte do padre teve maior repercussão e levou, inclusive, a uma manifestação popular, que reuniu cerca de 4 mil pessoas.


As outras cinco mortes violentas passaram despercebidas.




Em análise, a questão de tanta violência contra a vida é bem mais complexa do que um simples olhar sobre a segurança publica.


A verdade é que Campos Belos está entregue às baratas.


O Governador de Goiás, Alcides Rodrigues (PP), abandonou o município.


Mesmo sendo do mesmo partido do Prefeito Sardinha (PP), aquele Governador virou as costas para essa região de Goiás.


Não só Campos Belos sofre, mas Monte Alegre, Divinópolis, Teresinha e todas as outras cidades regionais.


O calvário de Campos Belos começou desde meados da década de 80, quando o povo decidiu, em plebiscito, não fazer parte do novo estado do Tocantins.


Creio que foi uma escolha errada. Basta observar o desenvolvimento das outras cidades do outro lado da fronteira.




Ficando numa região pobre, na tríplice divisa com a Bahia, Goiás e Tocantins, a cidade, apesar de ser a maior de todo o Nordeste Goiano, cresceu à sua própria sorte.


Apenas com o suor de seu povo.


Desde a divisão do estado, a região foi abandonada.


Dois anos após sua assunção na prefeitura, o prefeito Sardinha não consegue executar grandes projetos, pelo simples fato de não ter dinheiro em caixa.


Sobrevive dos repasses constitucionais que mal dão para pagar o pessoal.


O prefeito, apesar das andanças a Goiânia e a Brasília, não consegue arrancar o apoio do Governador em quase nada. E pior, são do mesmo partido.


A grande prova disso é a deterioração da rodovia GO 118, que corta a cidade e as vias interna, que sem as verbas estaduais, não podem ser recuperadas.


São mais cinco anos, desde a gestão municipal anterior, em completo abandono. Vide as fotos.


Se o Governador não apóia as mínimas questões de infra-estrutura, imagine então outras áreas como habitação, saúde, educação, segurança pública.


E de assustar os números de pessoas consumidos drogas na cidade. O crack, drogas das mais letais, que tomou conta de todo o país, também é um problema sério na cidade.


Quantas e quantas vezes já publiquei a falta de juízes e o troca-troca dos titulares da comarca, assim como de promotores.


Se falta apoio do Judiciário, do Executivo e do Legislativo Estadual, como uma prefeitura, sem dinheiro, vai cuidar de tantos problemas?


Se você não tem orçamento, você não tem um programa de investimento, um plano de desenvolvimento.


Se não há planos, não se tem projetos de inserção educacional, como o escola integral, que poderia muito bem trazer as crianças e adolescentes ociosos para dentro da sala de aula.


Sem apoio do governo estadual, Campos Belos, mesmo que próspera em seu comércio ( iniciativa privada), está relegada à própria sorte.


Não há um planejamento estratégico, uma visão de futuro, não há como o poder público municipal cuidar de seu povo.


Os resultados são os mais perversos.


Falta de auto-estima de seu povo, falta de oportunidade de emprego e educação, de qualidade de vida.


Isso tudo é um passe para os vícios de seus jovens, para a banalização da violência, dos crimes e desrespeitos à pessoa humana em todos os sentidos.


De resto, a irresponsabilidade governamental é a fonte de todos os males que abatem a nossa querida Campos Belos.

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