Um avião pau-de-arara
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Um pau-de-arara em ação |
Já na reta final das eleições 2010, casos cabeludos começam a surgir.
Recentemente, uma conversa informal entre duas moradoras do DF chegou ao conhecimento deste blogueiro e revelou um conto eleitoreiro, moderno, mas nem tanto.
Uma eleitora de um estado do nordeste, inocentemente, soltou a seguinte história a uma de nossas fontes:
Certo governador, candidato a reeleição, fretou um avião da TAM para levar, de Brasília para a capital de seu estado, alguns dias antes do dia 3 de outubro, o maior número possível de conterrâneos .
A idéia do “passeio” veio a calhar. O avião lotou.
Um detalhe apenas: o viajante teria que ter em mãos o título eleitoral.
Na viagem, muita alegria, velhos conhecidos, felicidade em voltar para casa.
Bem, o avião baixou no destino, o viajante matou sua saudade, reviu seus entes, e claro, no domingo, depositou na urna o cobiçado voto.
Por azar do destino, o governador-candidato não conseguiu levar o pleito no primeiro turno.
Como o segundo turno era para mais de duas semanas, a “tropa” volta a Brasília em voo semelhante.
Desta vez, o governador e assessores também aproveitam a ponte aérea e veem juntos, para pedir as bênçãos ao presidente Lula.
Ao chegar ao espaço aéreo brasiliense, o avião pau-de- arara se depara com a fúria de São Pedro, numa grande tempestade.
A enorme turbulência deixa todos nervosos, até certo ponto em pânico, com uma pretensa queda.
Depois de muito medo e aperreio, o voo é desviado para Goiânia, onde ocorre o desembarque.
Ânimos retomados, governador e eleitores salvos, uma gaiata grita lá dos fundos.
“Governador, quase que o senhor não vai para o segundo turno!”
Constrangimento geral e risos amarelos.
A turma do “deixa disso” logo se apressou em desculpar a moça.
“Foi brincadeira de mau gosto, governador.”
Sorrisos amarelos à parte, o avião pau-de-arara cumpriu a sua missão.
Será que a aventurosa viagem vai se repetir no segundo turno?
Algo lembrou aqueles velhos caminhões nordestinos, os paus-de-arara, que em tempos não muito distantes se dirigiam aos grandes sertões para transportar eleitores no dia da eleição.
Prática hoje banida pelo código eleitoral, com direito a perda do mandato.