O Brasil precisa de energia nuclear?
Por Dinomar Miranda
O mundo está assombrado com a ameaça nuclear irrompida no Japão, após o maremoto da semana passada.
O mundo está assombrado com a ameaça nuclear irrompida no Japão, após o maremoto da semana passada.
Os japoneses estão entre os povos mais desenvolvidos do planeta e estão sempre à frente quando se fala em domínio da tecnologia.
Mesmo assim, o país parece perdido e os cientistas e técnicos nucleares meio que atordoados com uma real situação de um desastre nuclear, que poderá marcar o Japão por centenas de anos e talvez milhares de anos.
Uma semana depois das ondas gigantes, nenhuma notícia, até o presente momento, é clara sobre o que realmente está acontecendo com as usinas nucleares daquele país.
Porque não se para os reatores nucleares?
Para não faltar energia? ou por que, uma vez iniciada, a fissão nuclear em cadeia não pode ser interrompida?
Os técnicos japoneses falam a verdade?
Sobre o nosso país, será mesmo que o Brasil está preparado para gerir suas usinas atômicas?
E mais. O Brasil precisa de energia fornecida por uma fonte tão perigosa como a nuclear?
A resposta é relativamente simples.
Não. O Brasil não precisa de energia nuclear.
Não. Nosso país não está preparado cientificamente para gerir este tipo de usina.
A grande verdade é que o homem ainda tem pouco poder sobre os elementos atômicos.
Fontes de energias, o Brasil tem aos montes: hidrelétrica, que é a sua principal matriz, eólica, solar, de biocombustível, das marés.
Porque a opção pela nuclear?
O preço de instalação pode varia e encarecer muito de uma matriz para a outra, mas é infinitamente mais barata, qualquer uma delas do que as conseqüências de um desastre nuclear.
O acidente no reator de Chernobyl (ex-URSS) é um grande exemplo.
Chernobyl contaminou radioativamente uma área de aproximadamente 150.000 km² (corresponde mais de três vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro), sendo que 4.300 km² possuem acesso interditado indefinidamente.
Até 180 quilômetros distantes do reator situam-se áreas com uma contaminação de mais de 1,5 milhões de Becquerel por km², o que as deixa inabitáveis por milhares de anos.
O Brasil possui hoje apenas duas usinas, Angra I e II, e está construindo Angra III.
A ambição é maior.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em entrevista nesta sexta-feira (18/03), o Brasil já definiu como prioritária a retomada do programa nuclear brasileiro e que deverá construir cerca de 50 a 60 usinas nucleares nos próximos 50 anos – com capacidade de geração de aproximadamente mil megawatts cada unidade.
As declarações do ministro foram dadas durante visita ao terreno onde será construída a Usina Angra 3, que deverá estar em operação, de acordo com a expectativa do ministério, em um prazo de cinco anos.
A unidade terá capacidade de gerar 1.405 megawatts de energia em sua potência plena. Para isto, ainda este mês, terá início a preparação do terreno onde será construído o canteiro de obras e o terreno onde será erguida a nova térmica.
Depois do exemplo de falta de domínio dos japoneses na gestão de suas usinas, está mais do que na hora de se discutir o papel da energia nuclear no Brasil.
Não apenas uma discussão entre técnicos e políticos, mas numa gigante mesa redonda em que possa participar todas as vozes da nossa sociedade.
A pergunta básica é: compensam os riscos se produzir energia nuclear no Brasil?