Câmara de Vereadores de Campos Belos derruba veto do prefeito Ninha


Em votação secreta e por 9 votos a 2, os vereadores de Campos Belos, nordeste de Goiás, derrubaram o veto integral do prefeito da cidade a um projeto de lei que regulariza a remuneração dos servidores de saúde do município.


O prefeito agora tem 48 horas para promulgar a lei. Se não o fizer, ela entra em vigor imediatamente. 


Entenda o caso


Em 2006, os servidores municipais de saúde foram contemplados com um reajuste em suas remunerações. 


No entanto, o aumento salarial não foi concedido por intermédio de lei, mas por outro dispositivo do Poder Executivo, o que é proibido constitucionalmente. 


Assim, o aumento salarial dos servidores ficou na berlinda.


Pelo reajuste, profissionais de saúde de nível superior, com carga horária de 20h, passaram a receber R$ 1.513,00 de salário base e os servidores com carga de 40h passaram a receber  R$ 3.026,00.


Em setembro do ano passado, o então prefeito Sardinha, no intuito de legalizar o reajuste,  mandou um projeto de lei para a Câmara Municipal, com os mesmos percentuais. 


O projeto não foi aprovado a tempo.


Assim que assumiu a prefeitura, em janeiro deste ano, o novo da prefeito cidade, Aurolino Santos  Ninha, reduziu os salários dos servidores, alegando ilegalidade e inconstitucionalidade na concessão do reajuste. 


A redução do salário base para os trabalhadores com carga horária de 40h chegou a quase mil reais.


Já quem ganhava R$ 1.513, passou a receber cerca de R$ 1.000.


Depois de muitas manifestações e paralisações da categoria, o projeto de lei regularizando os salários foi aprovado na Câmara de Vereadores e enviado ao Executivo municipal para a sanção.


Nova negativa do Executivo 


No entanto, o prefeito, alegando falta de dinheiro em caixa e descumprimento da lei de responsabilidade fiscal – que especifica percentuais de gastos com pessoal  – vetou integralmente o projeto.


Posteriormente, representantes da prefeitura e dos servidores da saúde sentaram-se à mesa para negociar e após muitos embates, segundo um representante da categoria, chegou-se a um acordo.  


A prefeitura aceitou pagar o reajuste integral de quem trabalhava 20h, o seja, o salário base voltava para R$ 1.513. 


No entanto, aceitou pagar aos trabalhadores com carga de 40h apenas R$ 2.750,00, quase R$ 300 reais a menos do reajuste anterior.


Inicialmente a categoria não aceitou o acordo, mas diante da resistência do Executivo, acatou os valores.  


Novo projeto de lei


O prefeito Ninha, então, mandou à Câmara Municipal novo projeto, agora com os novos valores acordados com a categoria.


Ao chegar na Câmara, no entanto, uma manobra da categoria junto aos vereadores deu mais uma azedada no tortuoso processo de reajuste.  


O novo projeto de lei foi aprovado, mas com uma emenda dos vereadores. 


A emenda não revogava a lei anterior, o que na prática mantinha os valores do projeto apresentado pelo prefeito Sardinha.


Ao perceber a manobra e a quebra do acordo, quando recebeu o projeto de lei para sanção, o prefeito Ninha o vetou totalmente.


Cumprindo a regra do processo legislativo, o veto do prefeito voltou para a Câmara de Vereadores, para ser apreciado pela Casa. 


E última quarta-feira (5/6) o  veto total do prefeito foi derrubado na Casa Legislativa municipal, com votos da maioria dos vereadores. 


Assim, a partir de agora, o prefeito Ninha tem 48 horas,  para promulgar a lei. Se não o fizer, ela entra em vigor imediatamente.


Bem, pelo andar da carruagem, essa briga agora deve se enveredar para o Poder Judiciário. 

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