Carta aberta contra o fechamento da Escola Agrícola de Arraias


CARTA ABERTA AOS
PREFEITOS, VEREADORES E DEPUTADOS REPRESENTANTES DAS REGIÕES SUDESTE DO ESTADO
DO TOCANTINS E NORDESTE GOIANO.
Senhores Prefeitos, Vereadores, Deputados e lideranças políticas de Arraias, Conceição do Tocantins, Taguatinga, Combinado, Novo Alegre, Lavandeira, Aurora do Tocantins, Paranã, Campos Belos, Monte Alegre de Goiás, Cavalcante e Teresina de Goiás.




Nesta:




Senhores Prefeitos, Vereadores, Deputados e lideranças políticas dos municípios acima citados. Quero merecer um pouco da atenção de V. Ex.ªpara o fato que abaixo passo a relatar, pois entendo ser de interesse de todos nós. Sem rodeios, pois julgo ser essa uma das principais características dos homens e mulheres de bem, quero chamar a atenção de vocês sobre a possibilidade de fechamento da Escola Estadual Agrícola David Aires França, localizada em Arraias – TO. Segundo informações a referida escola deverá ser desativada dentro de quinze dias e suas instalações repassadas a Universidade Federal do Tocantins.


Chamo a atenção de todas as lideranças políticas dos municípios citados porque a Escola Estadual Agrícola David Aires França, não atende apenas estudantes do município de Arraias. Nela encontramos alunos de diversas regiões dos estados de Tocantins e Goiás, em especial dos referidos municípios. Eu tenho a plena certeza que vocês já tenham tomado conhecimento do fato, e certamente estão preocupados com a situação.


Saibam senhores que a Escola Estadual Agrícola David Aires França é uma das mais bem estruturadas Unidades de Ensino de nossa região, sendo a única a formar Técnicos em Agropecuária, profissão que abre muitas portas no mercado de trabalho. Lá os alunos recebem toda assistência necessária para ser um excelente profissional nas lides rurais, além de uma formação humana respeitável, pois a unidade conta com profissionais competentes que praticam uma educação pautada no humanismo, no amor ao próximo e na cidadania.


Diante de tudo muito me estranha o fato de até o presente momento não ter visto qualquer manifestação partindo de vocês a cerca da proposta de fechamento da Unidade Escolar. Será que educação de qualidade não é prioridade em suas administrações? Será que uma escola que atende preferencialmente crianças carentes vindos das regiões mais pobres dos municípios por vocês administrados não merece vossa atenção? São questões que precisam de respostas, haja vista a apatia das lideranças políticas dos municípios citados a cerca da situação relatada.


A resposta talvez possa vir legitimada pelo aumento da oferta de cursos pelo Campus da Universidade Federal do Tocantins de Arraias. Sim, essa é uma justificativa de pesoe queremos a diversificação de cursos em nosso Campus. Mas nada impede que a universidade realize sua expansão em outras instalações.


Ninguém está colocando contra a expansão da UFT/Campus Arraias. Estamos chamando atenção é para o fechamento de uma escola que além de oferecer educação de qualidade resgata uma dívida social construída ao longo dos últimos três séculos com a população dessa região. A dívida é com a sofrida população do “corredor da fome e da miséria muito bem colocado em Geografia da Fome por Josué de Castro”.


Essa dívida ainda persiste. É só analisarmos os indicadores sociais das cidades citadas e compararmos com municípios de outras regiões dos Estados de Goiás e Tocantins. Constataremos um atraso significativo em educação, saúde, saneamento básico e outros direitos humanos fundamentais.


Esse alerta que ora faço aos Senhores Prefeitos, Vereadores e Deputados, não se traduz em embate políticos – partidários. Estamos falando de escola, de educação, de qualidade de ensino. Não estamos aqui promovendo enfrentamentos injustificáveis. Estamos pedindo socorro em nome de mais de duzentas crianças que tem naquela Unidade de Ensino talvez a única maneira de frequentar uma escola de qualidade. Caso contrário estarão sem condições de estudar, pois as escolas rurais do Sudeste do Tocantins e Nordeste Goiano dispensam qualquer tipo de comentário.


Cabe informar ainda que a maioria dos alunos da Escola Estadual Agrícola David de Ayres França são filhos de trabalhadores rurais (vaqueiros, zeladores de fazendas, peões como se diz no sertão). E seus pais são trabalhadores nas fazendas de propriedade dos senhores.


Gostaria ainda de alerta- los sobre o aumento dos custos à municipalidade caso se concretize o fechamento da referida escola. Serão mais alunos que estarão nos distantes sertões de seus municípios, e eles irão exercer seu direito constitucional à educação. Mas serão acima de tudo cidadãos que viram seu direito de estudar ser retirado com uma crueldade poucas vezes vistas inclusive pelos Senhores Prefeitos Vereadores e Deputados. Fechar uma escola meus senhores significa acima de tudo retirar o direito de sonhar de inúmeras pessoas.


Portanto, deixo a todos vocês a alerta sobre esse fato. E contamos com vocês para encampar essa luta. Sugiro que façam uma visita a Escola Estadual Agrícola David de Ayres França, vejam a realidade da instituição, converse com alunos e funcionários. Só assim vocês entrarão numa luta sabendo da importância que ela tem aos seus eleitores que os colocaram no cargo que ocupam atualmente.


Convide seus pares e façam uma viajem a Palmas em audiência com o Senhor Governador Siqueira Campos. Conhecendo o governador e sabendo do carinho que o mesmo tem com nossa região sei que ele não hesitará em atender vosso pleito.


Sugerimos ainda que o Sr. Cacildo Vasconcelos, Prefeito de Arraias, município onde a Escola está localizada possa liderar essa caravana, convidando outras lideranças para entrar na luta. Ficaremos todos orgulhosos em saber que os homens públicos desses municípios estão lutando contra o fechamento de uma Escola que contribui de forma significativa com o desenvolvimento de nossa região. E como forma de firmar esse compromisso, acompanhem os alunos nas manifestações que iniciaram sexta feira passada com o fechamento da rodovia TO – 050,próximo a Arraias – TO.


Pelo que fui informado na segunda feira (17/06), uma delegação de alunos e servidores irão a Palmas para discutir a questão com o Secretário Estadual de Educação Sr. Danilo Melo. Seria interessante que as lideranças políticas se fizessem presente acompanhando o grupo na reunião. Não sendo possível entre em contato com o Senhor Secretário e externe a ele seu descontentamento em relação ao fechamento da escola. Precisamos nos posicionar a respeito do fato.


Estamos num momento em que precisamos unir forças e ir à luta, nem que seja fechando rodovias para que nosso grito possa chegar cada vez mais alto nos ouvidos do Governo do Tocantins. E caso haja mais manifestações seria interessante que todas as lideranças políticas levassem seu apoio e sua solidariedade aos alunos que estão na linha de frente lutando por uma causa justa, humana e de caráter social.


E saibam que os mais de duzentos alunos que lá estudam estão contando com dedicação e a força de vocês, para que não seja interrompido o seu direito de estudar.


Vamos, juntem se a nós nessa luta, vamos fazer coro para que o Governo do Estado possa escutar nosso pedido e declinar da ideia de fechar uma Escola vencedora, que cumpre um importante papel social junto às populações pobres das sofridas regiões Sudeste do Tocantins e Nordeste de Goiás.


A todos vocês meu grande abraço, e esperamos por ações rápidas no sentido de reverter o processo já em curso.


PS: estou nessa luta em função da cobrança que me farei em ver uma “Escola”, eu disse “ESCOLA”, sendo fechada em minha frente e eu como Professore e militante por uma educação de qualidade ficar assistindo de braços cruzados. Essa mancha caros amigos não carregarei em meu currículo!!!




VALMIR “CRISPIM” SANTOS.
Técnico em Agropecuária, Geógrafo e Professor da Rede Pública do Estado do Tocantins.Mestrando em Geografia pela Universidade Federal de Goiás.

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