Ex-prefeito de São Domingos esclarece sobre eleições suplementares. Artigo foi publicado no Diário da Manhã



“Para a bem da verdade, do respeito e da dignidade humana, esclareço os fatos relacionados à grande polêmica a que meu nome foi envolvido no dia da eleição, em São Domingos, no Nordeste goiano, que vêm sendo veiculados na impressa goiana e nacional de forma não verdadeira. 

Na quinta feira anterior à eleição – 7 de julho deste ano – vinha de Brasília e passei pela minha fazenda, que fica no município a 40 quilômetros da cidade e fui informado pelo vaqueiro, Josemir, que havia passado por ali um cidadão chamado Pretinho de Joana, e que este queria receber uma quantia de mais ou menos R$ 1.000,00, relativo a restante de serviço prestado na fazenda (Carvoaria) e, consequentemente, dar baixa na sua Carteira de Trabalho, sendo que informei ao Josemir que até sábado passaria por lá e deixaria o dinheiro.

Não sendo possível voltar até sábado em face da intensa campanha, no domingo, dia da eleição, eu disse à minha esposa, logo no início da manhã, que iria até a fazenda fazer um acerto, e aproveitaria para fazer uma breve visita ao companheiros dos povoados Estiva e São Vicente, e logo retornaria à cidade.  

Ao consultar o bolso, vi que não tinha o dinheiro suficiente para efetuar o pagamento na fazenda, então recorri ao meu primo Neurival. 

Este disse que não tinha em mãos, mas poderia sacar no banco, onde foi procedido o saque no valor de R$ 1.000,00, só que o caixa eletrônico liberou em notas de R$ 20  e R$ 10. 

Em seguida,  já de posse do dinheiro passei o dinheiro todo para o primo Luiz, que me acompanharia e segui  em direção à fazenda Jacú, de minha propriedade, já um pouco tarde, em face da demora para conseguir o dinheiro.

A mais ou menos 20 quilômetros, já na GO-110, em uma região deserta, chamada Macaúba, fui interceptado pelo carro da Polícia Civil, onde foi dada a ordem para parar o veiculo que me conduzia, onde desceram três cidadãos, dois uniformizados com o jaleco da Policia Civil, e um terceiro que, pela características, seria o promotor de justiça, porque até então não o conhecia. 

Foi, portanto, dada a ordem para desligar o veículo e, de forma arbitrária e ilegal, pediram para descesse do veículo eu,  motorista, o Luiz, momento em que invadiram o veículo, vasculhando todo seu interior nada encontrando. 

Em seguida, abordaram em revista, eu, o motorista Sidnei, nada encontrando. 

Ao revistar o Luiz, tomaram, arbitrariamente, todo o dinheiro que continha em seu bolso, que era de minha propriedade e fizeram um verdadeiro escândalo, ocasião em que esclareci que se tratava de importância destinada ao pagamento de um trabalhador da fazenda, momento em que segui escoltado pela patrulha até a fazenda para aferição do destino do dinheiro. 

Lá não se encontrou ninguém, pois, estavam alguns no povoado de São Vicente, obviamente, para votar e o vaqueiro estava na cidade, também para votar, quando eu achava que o vaqueiro votaria no povoado São Vicente e não na cidade. 

Naquele momento, o delegado me convidou para acompanhá-lo até São Domingos para prestar esclarecimentos. 

Lá chegando, o promotor tomou outro destino. 

Então, foi ouvido pelo delegado, com várias interrupções, sob a alegação de que estava falando com o senhor juiz por telefone, mas eu  desconfiava que estava havendo uma manobra para segurá-lo o maior tempo possível na delegacia.  

Em razão desta questão, após  um longo tempo naquele local, chamei a atenção do delegado quanto à morosidade dos procedimentos, momento em que o delegado, de forma enfática, disse que, pelo volume de dinheiro trocado em dia de eleição, poderia caracterizar em flagrante.  

Respondi que não existe flagrante no ordenamento jurídico brasileiro, por presunção, por indicio ou por ouvir dizer. 

Flagrante é flagrante, não há que ser flagrado sem que esteja cometendo crime e que aquilo ali era uma armação com verdadeiro intuito de desmoralizar o ex-prefeito e, consequentemente, respingar na candidata a prefeita, minha esposa, que venceu as eleições com uma pequena diferença, diferentemente da eleição passada, que o candidato que foi cassado pertencente ao mesmo grupo político, venceu as eleições com quase 600 votos de diferença. 

Porque caiu a diferença? Porque o abuso do poder econômico perpetrado por parte dos adversários foi escandaloso. 

A voz que se ouve nos quatro cantos no município de São Domingos foi de compra de votos, pois é notório, nas esquinas da cidade, que chegavam malas de dinheiro, transportadas por aviões. 

Mesmo assim o povo acreditou no grupo “União pelo Progresso”, que  venceu as eleições.

Esclareço que foi noticiado pela imprensa algumas inverdades em relação ao episodio, quais sejam: 

Foi noticiado que  paguei R$ 3.000,00 pela fiança, não foi verdade.

Que  fui flagrado no povoado Estiva comprando votos – não foi verdade, pois compareci a Estiva durante o processo de votação, só indo lá e no povoado São Vicente depois de fecharem as urnas, isto é, após as 17:00hs, para mostrar a cara ao povo de que não estava preso, conforme comentário corrente na região.

Foi também noticiado pela imprensa que o montante do dinheiro encontrado no bolso do Luiz era de R$  1.280,00, também não é verdade.

Diante do esclarecimento de todos os fatos relacionado ao episodio,  afirmo que a campanha de minha esposa foi modesta, com poucos gastos, mas doações de amigos e companheiros, já que eu e minha esposa somos funcionários públicos e levamos uma vida simples e que a única preocupação é com o trabalho em prol do desenvolvimento de São Domingos e que Etélia Gonçalves será a prefeita de todos. 

Por fim, afirmo que tentaram macular meu nome nessa história. Sou um democrata por convicção, mas estou certo que tudo será devidamente apurado junto ao Judiciário goiano e brasileiro. 

Aqueles que faltaram com a verdade serão responsabilizados. 

Estamos vivendo em um país democrático, em pleno Estado de Direito, pois a Constituição brasileira assegura o direito de todos de ir e vim, da livre expressão e reprime os excessos praticados por quem quer que seja, principalmente pelos agentes do Estado, que têm o dever constitucional de manter a ordem de forma imparcial.  

Asseguro que foi absolutamente contra a PEC-137, que tirava o poder de investigação do Ministério Público, mas sou a favor da PEC da imparcialidade.”

(Gervasio Gonçalves da Silva, advogado, ex-prefeito por dois mandatos de São Domingos e servidor de carreira do Senado Federal há 28 anos)


Publicação Original: Jornal Diário da Manhã 

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