Consciência Negra: poema NEGRO AROEIRA, por João Beltrão Filho


No mês da consciência negra, publicamos um poema de autoria do poeta campos-belense João Beltrão Filho, o Joãozinho.

O texto foi musicado pelo mestre de capoeira, mestrando em música, maestro e sargento da Policia Militar do Estado do Tocantins, residente em Dianópolis/TO, Nilton Sérgio da Siva (Mestre Geléia).

NEGRO AROEIRA (CANTO DA ABOLIÇÃO)

Sou madeira de dar em doido,
Sou cerne de aroeira…
Sou barranco, aguento o tranco,
Do balanço da peneira…
Sou como peão do trecho,
Sou seda, não sou molambo…
Sou negro, sou forte, sou bravo,
Conheço bem um quilombo…
Faço renda, faço arte,
Danço, jogo capoeira…
Sou de samba, sou de bola,
Sou cerne de aroeira…
Nas contas do meu rosário,
Eu exalto a minha fé…
Ao som do meu atabaque,
Negro joga “cangapé”…
Olho gordo não me ofende,
Curo cobreiro e quebranto…
Quando toco o meu berimbau,
Tristeza para longe espanto…
O negror da minha pele,
Não muda meu proceder…
Pois eu amo e sou amado,
Também tenho um bem querer.

João Beltrão Filho (Joãozinho)

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