Campanha da Fraternidade 2014




Por Luiz Marles 


Na iminência de viver numa sociedade justa e fraterna, sem exploração humana, muitas vezes exaurimos nossas forças na esperança de ver a transformação ocorrer, diante das inúmeras catástrofes que nos ronda a todo instante. 


Diante de tantos desafios nesse mundo globalizado, a comunidade que é tida como protagonista e contribuinte no processo de transformação da sociedade em que participa, não pode se sentir desprovida dessas possibilidades. São crises econômicas e mudanças de paradigmas que levam as pessoas a comercializarem o próximo e a si mesmo. Mudanças racionais e irracionais (tudo ocorre). 


Sentimentos complexos e atitudes antagônicas com a prática cristã, pois esquecem que o espírito de Deus dinamiza todos os seres vivos. Não podemos ficar parados, pois o Senhor nos condiciona a prática do bem. 


“Estou numa grande angústia” (2Sm 24,14). Essas palavras do rei Davi são pertinentes a realidade vivida por cada um de nós necessitados da clemência do Senhor, por causa da usurpação, exploração e acúmulo neste reino deixado aos nossos cuidados. Somos movidos pelo espírito de Deus. 


A fortaleza do Senhor permanece conosco. Essa certeza precisa clarear todo nosso ser e reacender a mística. E quem sabe reascender-nos para um novo ardor missionário pautando-se nas denúncias daqueles profetas que ligados aos povos excluídos e marginalizados procuravam saciar suas angústias. Todos são responsáveis por melhorarem os espaços em que vivem. Urge no mundo novos Miquéias, Amós e tantos outros que se angustiaram com a opressão praticada pelos gananciosos exploradores do povo. 


O socorro sempre vem. Mas não vamos em busca do socorro. Precisamos ser aqueles que socorrem. É necessário agir. Ser protagonista e não um parasita. É preciso tocar nas feridas e incomodar esses perseguidores astutos. Tendo atitude profética não ficaremos apenas em discursos inflamados que somente esquentam o coração. É preciso atingir o âmago, sentir-se corroído de insatisfação, injúria e ser provocado a atuar decididamente na promoção do Reino. 


Toda essa ansiedade deve fazer parte da vida de quem conhece a proposta salvífica do Senhor, que como nos diz Isaías, nos conhece e nos chama pelo nome. E, por conhecer nossa pequenez procura sanar os anseios que temos dando-nos a plenitude. Plenitude essa que possibilita ser mensageiro da paz, levando a todos os povos a certeza de um mundo melhor com nossa atitude. 


Não nos conformemos com as insanidades impostas pelos grupos privilegiados, sejamos ousados e verdadeiros indo na contramão da história de quem só deseja oprimir.

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