Comunidade Kalunga de Cavalcante ganha selo dos Correios


A Associação Filatélica e Numismática de Brasília divulgou o novo selo lançado pelos Correios em homenagem à comunidade descendente de escravos negros (quilombolas), Kalunga, ocupante de regiões rurais no nordeste goiano, especificamente em Cavalcante (GO). 

A peça será colocada em circulação no próximo dia 29 de setembro, valendo R$ 1,30. 
O selo focaliza, à direita, a Cachoeira de Santa Bárbara, ponto ecológico e turístico da região de Cavalcante, e, à esquerda, um grupo representando a comunidade Kalunga. 

O casal na ponta dança a Sussa, dança tradicional nascida nas tradições africanas. Ao meio, um homem toca viola e, ao lado, uma mulher idosa abraça uma criança. 

A cena é cercada por flores que emolduram a cachoeira e a comunidade, representando a cultura local, onde festas, cores e flores têm um papel social, de confraternização, de alegria e de conservação de tradições. 

A técnica utilizada foi computação gráfica e fotografia. 



Comunidade Kalunga teve as terras regularizadas em 2000


A Comunidade Remanescente de Quilombos de Kalunga, localizada nos municípios de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás, obteve a titulação de terras, em 18 de julho de 2000, emitida pela Fundação Cultural Palmares, num total de 253.191,7200 ha, é considerada a comunidade quilombola com maior extensão territorial do Brasil. 

A Certidão de autodefinição de Kalunga foi publicada no Diário Oficial da União de 19 de abril de 2005.

A origem do Quilombo está relacionada às entradas de prospecção e da atividade mineradora do início do século XVIII no nordeste do Goiás. Nessa região predominou a extração do ouro de aluvião no leito dos rios, assim como o surgimento de fazendas de criação de gado para abastecimento dos núcleos de mineração. 

Com efeito, a intensidade da atividade mineradora por todo o Goiás impulsionou a chegada de grandes contingentes de negros escravizados para o trabalho compulsório na região das minas do nordeste do estado. O povoado de Cavalcante foi fundado por Diogo Teles de Cavalcante em 1737.

O africano escravizado que tinha como destino a capitania de Goiás chegava ao Brasil por duas rotas principais, os portos da Bahia, pelo caminho do sertão ou pelos portos do Rio de Janeiro, com o recém-aberto caminho novo. 

Desde muito cedo, houve a formação de quilombos nessas travessias por escravos fugidos de outras capitanias, que percorrendo o caminho do sertão, chegavam ao Goiás.

O principal motivo para a escolha desse estado como rota de fuga era a falta de conhecimento e fiscalização por parte da Coroa portuguesa na capitania que começava a ser explorada. Os quilombos goianos começam a ser identificados somente a partir do século XVIII pelos portugueses. 

Na região onde se formou o Quilombo de Kalunga foi predominante a vinda de escravos de origem sudanesa, sobretudo os “minas”, que tinham experiência na mineração.

O negro escravizado foi elemento fundamental para a economia mineradora do Brasil, assim como por todo o Estado de Goiás, além de ser dinamizador da cultura brasileira que nascera. 

Nesse sentido, os Kalungas tiveram grande valor na construção do Município de Cavalcante. Atualmente a comunidade é formada por cerca de 600 famílias e é declarada Sítio Histórico e Patrimônio Cultural do Estado de Goiás.

Kalunga é a porta de entrada para a Chapada dos Veadeiros com imensa riqueza natural. As trilhas, cachoeiras e riachos presentes na comunidade estão entre os principais pontos turísticos da região. 

É composta por quatro núcleos principais: Vão da Contenda ou Kalunga, Vão do Moleque, Vão de Almas e Ribeirão dos Bois. Esses núcleos subdividem-se em inúmeras outras localidades formando assim a comunidade quilombola de Kalunga.

Reconhecendo a importância dos Kalungas, os Correios homenageiam os principais aspectos culturais da comunidade, bem como o Município de Cavalcante, conhecido pela sua beleza natural e importância turística.

Fonte: Correios 

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